Escrevo essa reclamação com muita tristeza, porque é contra uma das poucas lojas que adorava e frequentava com assiduidade, Sobral Design. Daí a decepção é ainda maior. Há anos acompanho o Sobral e compro peças desde os anos 80. Como morei muito tempo fora, sempre que elogiavam meus acessórios, fazia propaganda do trabalho, cheia de orgulho. Depois que abriu loja no aeroporto do Rio, tive mais uma opção para comprar minhas lembrancinhas nela. Visitei a loja em Paris e um dia encontrei Sobral no Consulado em Nova York, na época em que ele estava abrindo a loja do Soho. Aproveitei para dizer que era admiradora e consumidora, e mostrei o brinquinho de cubo de resina vermelho que estava usando. Mais tarde, cheguei a recomendar uma exposição de obras dele no Museu do Desenho em Caracas.
Pois bem. Sabendo como eu gostava das peças do Sobral, minhas filhas me deram de presente um colar e um anel. O colar, comecei a usar imediatamente, mas o anel ficou pequeno no meu dedo e eu deixei na bolsinha em que veio, junto com a etiqueta para trocar quando pudesse. Passou um tempo e há umas duas semanas fui com uma de minhas filhas à Ipanema e aproveitei pra levar o anel para trocar na loja do Sobral na Visconde de Pirajá 150. Chegando lá, expliquei que tinha ganhado o anel, ele tinha ficado pequeno no dedo e estava ali para trocá-lo. A moça que me atendeu olhou detidamente o anel e disse que iria falar com a gerente. Fiquei olhando as peças enquanto esperava. Ela voltou e disse que infelizmente não poderia trocar o anel porque ele havia sido adulterado. Eu, boquiaberta, pergunto, “Como assim?” Ela pegou outro anel para me mostrar que o meu estava abaulado nos lados enquanto que o da loja tinha linhas retas. Ao que eu disse, “então ele já estava assim quando foi comprado. Nem eu nem minhas filhas sabemos nem temos conhecimento de quem possa fazer esse tipo de trabalho. A loja deve ter recauchutado o anel e colocado à venda, talvez em liquidação, ou algo assim? “. “Não, isso não é possível”, ela respondeu. Tentando manter a calma, pedi que ela chamasse a gerente.
Alguns momentos depois chega a moça, Sandra, acho eu. Expliquei a situação novamente e disse, “veja, isso é muito grave, vocês estão me acusando de ter comentido uma fraude e de ser mentirosa. É isso mesmo? O cliente aqui é considerado desonesto antes que prove o contrário? “. E ela veio com uma lenga lenga de que todas as peças que saem da loja vem com um certificado de autenticidade e que eu não tinha isso, e blá, blá, blá… “Mas e essa marca aqui ao lado do anel, a assinatura do Sobral as peças são únicas, está óbvio que foi comprado aqui. Vocês não vão trocar mesmo, tem certeza?” “Não”. Daí eu falei o quanto estava decepcionada, que isso não era jeito de tratar qualquer cliente, que eu já havia comprado inúmeras vezes na loja, mas não mais o faria e ainda denunciaria a ofensa e as acusações que elas estavam fazendo contra mim. Virei as costas e fui embora. Ela perguntou: “Não vai levar o anel”. E eu “Não, não cabe no meu dedo.”
Não cabe no meu dedo nem na minha cabeça a forma como o consumidor brasileiro é tratado. Ao invés de “o cliente tem sempre razão”, aqui é “o cliente nunca tem razão”. Não estou expondo minha história pessoal por causa de um anel. Quero ser bem tratada nas lojas, nas ruas, no serviço público. Quero ser respeitada! Não admito ser chamada de ladra! E ninguém deve admitir! Espero que essa minha mensagem sirva como um alerta e uma crítica construtiva para uma mudança de atitude no trato com o consumidor e, em última instância, o ser humano. Sobral, espero seu pedido de desculpas e uma reformulação na sua política de recursos humanos. O atendimento de seus funcionários não está à altura e difama o seu trabalho.
PS – seu site não é acessivel a pessoas com deficiência visual nem pode ser aberto em tablets.