Por Priscilla Aguiar
na Folha de Pernambuco
Algumas unidades de ensino do Recife vêm aplicando uma espécie de metodologia que divide opiniões de pais e dirigentes de escolas. Na busca pela maior aprovação possível de alunos nos vestibulares das federais, escolas estão separando em salas distintas alunos considerados ótimos ou bons daqueles medianos ou que apresentam dificuldades de aprendizado. Em algumas instituições, a iniciativa visa à aprovação em cursos específicos, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Instituto Militar de Engenharia (IME). As provas para esses órgãos são conhecidas pelo alto nível de exigência de conhecimento, o que também é usado como justificativa para a separação de alunos por desempenho.
No entanto, o que vem causando polêmica é a divisão de alunos por turmas específicas visando às vagas em cursos de maior disputa nas universidades, como Medicina, Engenharia e Direito. Quando o motivo da separação de alunos mais bem-sucedidos é a aprovação nos vestibulares, pais e dirigentes de escolas não comungam das mesmas opiniões.
De um lado, os que adotaram a metodologia de ensino defendem que o índice de aprovação nos vestibulares aumentou e garantem que não é dado um tratamento diferenciado aos demais alunos. Do outro, há quem não veja com bons olhos a classificação dos estudantes por níveis. A reportagem ouviu representantes de quatro colégios tradicionais do Recife. Dois fizeram a divisão por nota ou objetivo. Os outros disseram não ter visto necessidade na criação de turmas avançadas.
Das escolas procuradas, o Motivo é o que trabalha desta forma há mais tempo, cerca de cinco anos. O diretor geral da instituição, Eduardo Belo, explicou que o conteúdo dado aos alunos do 3ª ano G, onde estão os jovens com maiores notas, é o mesmo das demais turmas. “Alguns alunos tinham foco em outras faculdades, que não as federais, ou buscavam cursos menos concorridos. Então era necessário separar o joio do trigo. A aprovação aumentou em todos os sentidos”, justificou.
O Colégio Boa Viagem (CBV) passou a oferecer aulas de aprofundamento há dois anos e este ano passa a ter turmas avançadas dentro do horário regular. A reação na escola foi grande, tanto por parte dos pais, como por parte dos alunos, muitos compartilhando a angústia pelo Facebook. “Minha filha pediu para mudar de turma quando soube que alguns colegas foram selecionados para uma sala especial. Penso que foi uma forma de compensar o impacto desse processo de segregação”, disse uma mãe, que prefere não se identificar.
No GGE, que comemora os primeiros lugares dos seus alunos no Vestibular 2014, a única turma com o conteúdo diferenciado é a de preparação para provas do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Instituto Militar de Engenharia (IME), já que as seleções exigem um conteúdo diverso. Lá, assim como no Santa Maria, ocorre uma divisão apenas após o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), quando os estudantes são agrupados de acordo com as disciplinas específicas (humanas, exatas e saúde). “O GGE acredita no potencial de todos os alunos e não fazemos qualquer divisão”, pontuou a coordenadora do pré-vestibular, Alessandra Cosme.
Bruno Assis, de 17 anos, um dos alunos selecionados para a turma especial 3ºG do Colégio Motivo, encarara com bons olhos a medida. “É um pessoal que você sabe que está interessado. Acho legal porque terminava havendo uma competição saudável”, opinou Bruno, que conseguiu ficar com o primeiro lugar geral do curso de Direito na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
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qualquer pessoa que sente dificuldade estuda muito, faz cursinho separado da sala comum para passarem em vestibular ou concurso. Sou mãe e não vejo nada de errado nisso eu apoio e gostaria muito que o meu filho tivesse essa atenção que não tem nem na sala comum e vai passando de qualquer jeito.