A diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) declarou que a educação na língua materna é essencial para alcançar os objectivos globais de desenvolvimento, incluindo a educação para todos.
Irina Bokova, que divulgou uma mensagem na véspera da comemoração do 21 de Fevereiro, Dia Internacional da Língua Materna, dedicado este ano ao “Multilinguismo para uma Educação Inclusiva”, diz que “aprender no idioma local facilita as habilidades de leitura, a escrita e a matemática”.
A directora-geral da UNESCO, Irina Bokova, afirma na mensagem que “a educação na língua materna é a força para o aprendizado de qualidade”.
“O multilinguismo é o nosso aliado na procura de garantir educação de qualidade para todos, na promoção da inclusão e no combate à discriminação”, salienta a menagem de Irina Bokova, para quem “a construção de um diálogo genuíno é baseada no respeito pelas línguas”.
O trabalho dos investigadores e o impacto das políticas de execução do multilinguismo, salienta o texto, têm provado que as pessoas percebem intuitivamente que a diversidade linguística acelera o progresso para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, em particular o da Educação para Todos. A mensagem refere que “o uso da língua materna na escola é um remédio contra a iliteracia”. “Os grupos de população excluídos, tais como os povos indígenas, são muitas vezes ignorados pelos sistemas de educação”, prossegue o texto, que realça que “a esses grupos excluídos deve ser dada a oportunidade de aprender, desde os primeiros anos, na sua língua materna e, depois, nas línguas nacionais, oficiais ou outras, uma estratégia que promove a igualdade e a inclusão social”.
Dados da UNESCO, mencionados na mensagem, revelam que quase metade das mais de seis mil línguas faladas no mundo pode desaparecer no final do século. “A perda de línguas empobrece a humanidade”, alerta o documento da UNESCO, que refere, como exemplo, o facto “de algumas línguas de povos indígenas integrarem conhecimentos sobre biodiversidade e gestão de ecossistemas”.
“Este potencial linguístico é uma vantagem importante para o desenvolvimento sustentável e merece ser partilhado”, afirma o texto que anuncia que “a UNESCO também tenciona dar destaque a esta mensagem na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável no Rio de Janeiro”.
A diversidade cultural, acentua Irina Bokova, é tão importante como a diversidade biológica na natureza, pois estão intimamente ligadas.
A mensagem garante que a vitalidade das línguas depende de todos aqueles que as falam e que se devem unir para as proteger.
A UNESCO comemora há 13 anos o Dia Internacional da Língua Materna, “canalizando energias para a protecção da diversidade linguística”. A língua portuguesa, por exemplo, é falada por pelo menos 250 milhões de pessoas em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.