Por Maria Carolina Dias *
Como membro de uma sociedade desenvolvida de conhecimento, até pouco tempo pouco ou quase nada sabia sobre a síndrome de Tourette. Melhor, dentre uma pesquisa que fiz com dez pessoas do meu convívio, apenas uma – incluindo discentes universitários, profissionais do mercado de trabalho ou pais – ouviu falar sobre o tema abordado. E por que um transtorno considerado tão comum é tão insuficientemente noticiado?
Estima-se que 1 em 3000 pessoas tenham a síndrome. Segundo alguns levantamentos, isso significa que aproximadamente 3,4% das crianças e adolescentes entre 5 a 18 anos tem a síndrome de Tourette, o que chega a ser um índice bem relevante. Alguns, por desconhecimento, classificam-na como meros tiques ou mesmo tomam como sintomas do Transtrono Obsessivo Compulsivo (TOC), entretanto na síndrome de Tourette ha a presença de movimentos repetitivos físicos ou sonoros involuntários e incontroláveis, produzido dentro de um curto período de tempo.
Para aqueles que desconhecem o assunto, deparar -se com esse tipo de atitude pode ser espantoso. Um filme que retrata a situação é “Front of the class”, no qual Brand, o personagem principal, é visto pelo pai, professores e médicos como uma criança indisciplinada e sem limites, antes de ser diagnosticado como portador de Tourette.
Dirigido por Peter Werner, em 2008, e baseado em fatos reais, o filme narra a trajetória anterior e posterior de Brand ao diagnóstico da doença, destacando todas as suas vitórias. O personagem é inspirador e demarcado por duas frases principais, a primeira seria: “Essas pessoas deixam a doença vencer e eu não irei fazer isso”, que é dita quando ele sai do grupo de apoio e vê que os outros portadores dessa síndrome se tornam pessoas reprimidas. E a outra é: “Eu me senti como uma criança, pois as crianças veem a vida de uma forma diferente que a maioria dos adultos, porque eles dizem ‘eu vou’ e não ‘eu não posso’, assim como eu”, que foi uma das suas ultimas falas, seguida da cena em que ele ganha o prêmio de melhor professor do ano.
Outro trabalho que pode ser levado em consideração é o documentário produzido por Valerie Kaye, nos Estados Unidos, que expõe a vida de John, um garoto de 16 anos que também convive com esse transtorno, mas em um grau mais elevado. No filme, o personagem cospe e declara palavras obscenas quase o tempo todo, sem nenhum pudor.Ambas as demonstrações e relatos conseguem transmitir ao público o quão pode ser difícil conviver com esse tipo de comportamento. As tentativas de controlar esses movimentos muitas vezes são frustrantes.
Desde 1825 – quando foi diagnosticado o primeiro caso no mundo – até hoje, não se sabe o motivo pelo qual essa doença é causada, em 2004 acreditou-se que fosse um distúrbio genético autossômico dominante, envolvendo o gene A da monoamina-oxidase, mas nada foi comprovado com precisão. Alguns casos podem ser amenizados com determinados medicamentos e terapias, mas por ser uma doença crônica, sem haver o que possa sanar definitivamente o problema.
Por atingir geralmente na fase da infância, a doença pode regredir com o tempo, mas nada a impede de retornar a fase inicial, podendo ter diversas inconstâncias. Portanto, é necessário que o portador lute em favor dela, além de aceitar e quebrar todas as barreiras e dificuldades imposta pela mesma. Afinal, Tourette e os “tiques” serão companheiros por toda uma vida.
Referências
Werner, P. Front of the class. 2008.
Kaye, Valerie . Síndrome de Tourette.
* Estudante de Graduação 1° semestre do Curso de Comunicação Social com habilidade em Jornalismo da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat- Alto Araguaia), email: carol-cadias@hotmail.com