Síndrome de Down, exames diagnósticos e aborto

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Leia abaixo mensagem redigida pela Presidente da Federação Brasileira
das Associações de Síndrome de Down – FBASD, Claudia Grabois,
ao Jornal de Uberaba, onde foi publicado artigo de autoria do Sr. José Loubeh,
sobre a síndrome de Down, exames diagnósticos e o aborto.

Em resposta à carta do Sr Jose Loubeh
por Claudia Grabois
Presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down

Me parece absurdo ver publicado um disparate desses menos de um ano depois da ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com deficiência (ONU), que vigora em todo território nacional com valor de Emenda Constitucional. Ao mesmo tempo, agradeço ao jornal pela possibilidade de esclarecer ao Sr José Loubeh, o qual escreve  com total desconhecimento de causa, e talvez por isso, com teor profundamente preconceituoso, arrogante, desumano e de incentivo  à discriminação, fazendo questão de explicitar a sua apologia ao aborto de bebês com síndrome de down, o que inclusive no nosso país é crime, assim como a discriminação também o é.

É preciso esclarecer ao autor da carta que já há muito tempo caiu em desuso o termo ”mongolismo”, sendo o correto “síndrome de Down”, e que as Pessoas com síndrome de down tem um cromossomo a mais no par 21 e a isso se denomina trissomia do 21. Esclareço também, porque certamente o autor não sabe, que síndrome de down NÃO é uma doença, e os bebês que nascem com a síndrome de down são bebes como todos os outros. Dão risada, choram, brincam, crescem como todas as crianças e nos dão enormes alegrias; enfim, são filhos e filhas que amamos intensamente.

É preciso esclarecer também que as pessoas com síndrome de down são sujeitos de direitos como toda e qualquer pessoa, porém, mais do que isso, são seres humanos que não podem em momento algum ser tratados da maneira sugerida pelo jornalista que assina a carta. Ninguém pode ou deve ser tratado assim. Pessoas com síndrome de down têm deficiência intelectual e têm sido vítimas de preconceitos em função da arrogância de alguns, o que provoca segregação, exclusão social e violência manifestada de várias formas. Com muito trabalho, há muitos anos começamos a luta pela inclusão social plena das pessoas com síndrome de down, que o Sr Loubeh sugere que sejam exterminadas. Com muita luta avançamos e as crianças com deficiência intelectual, que antes estudavam em escolas especiais, hoje estudam em classe comum e no convívio com todas as outras crianças.

Com muita determinação os espaços no mercado de trabalho vêm sendo ocupados por pessoas com síndrome de down, assim como nas universidades e em todos os demais espaços sociais. Temos trabalhado intensamente para que a acessibilidade seja realidade no nosso país e para que todas as barreiras sejam rompidas, incluindo as atitudinais e as sociais, a fim de que as pessoas com síndrome  de down sejam plenamente incluídas. E esse trabalho é feito pricipalmente pelas próprias pessoas com Síndrome de Down que tanto incomodam o autor do texto, que não percebe que ele sim, com seu perigoso discurso contra o nascimento de pessoas  com síndrome de down e de incitação ao aborto e à violência se torna uma bandeira abominável pela discriminação de toda e qualquer diferença. Para não dizer que não falei das flores, seria mais digno se tivesse aberto mão da poesia e feito um discurso sobre a pureza da raça com uma frase direta de Adolf Hitler, que também pregava o extermínio e exterminou  milhares de pessoas com deficiência, dentre elas, pessoas com síndrome de down.

A descoberta do cromossomo 21, por Jêrome Lejeune, aconteceu há 50  anos atrás e é no dia 21 de março que comemoraremos o Dia Internacional da Síndrome de Down e, desde já, convido o Sr Loubeh para participar, e como jornalista cobrir os muitos eventos que serão realizados em todo país, e quem sabe, assim, ele se descobre também como um ser humano completo e merecedor da convivência com as diferenças, que tanto nos enriquecem como sociedade organizada e como humanidade. Aproveito para convidar esse meio de comunicação para se juntar a nós na luta contra o preconceito e discriminação, e pela inclusão plena das pessoas com deficiência intelectual na sociedade.

Obs.: Para que o empresário e jornalista José Loubeh aprendesse, usei várias vezes “pessoa com síndrome de down” e “pessoa com deficiência intelectual”, pois essas são as terminologias corretas.

Claudia Grabois
Presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down-FBASD
presidentefbasd@gmail.com

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Leia o artigo de orígem abaixo, literalmente como publicado pelo Jornal de Uberaba
http://www.jornaldeuberaba.com.br/?MENU=CadernoA&SUBMENU=Opiniao&CODIGO=27687

Síndrome de Down

Terrível desordem congênita, indevidamente chamada por leigos “mongolismo”. Leigos? Até meu Aurélio velho de guerra (Ed. 1986) registra “mongolismo” e “mongoloide”, que, após enérgico protesto da República Popular da Mongólia perante a ONU, foram abolidos.

Inicialmente, por que não refundar as Apaes? Essas ONGs, dirigidas por beneméritos cidadãos que lutam para conseguir escassos recursos (tão abundantes em eleitoreiras doações para blocos carnavalescos), deveriam ser dirigidas pelos religiosos que combatem o aborto! Eles facilmente custeariam as despesas com pequena parte dos dízimos e ofertas tomados dos pobres e humildes, que são os que mais sofrem, como veremos abaixo.

Explico: Não é de hoje que a Medicina pode evitar o nascimento de bebês Down, ou “Trissomia 21” (ver na Internet reportagem na Folha de São Paulo, edição de 02 de maio de 2005). Os meios de comunicação, por ignorância ou (criminosa) má-fé, escondem que um corriqueiro exame de sangue – feito na 11° semana da gravidez –, em conjunto com ultrassonografia, diminuirá em até 95% o risco de nascer um bebê Down!
Quer dizer: se antes nasciam aproximadamente uns 100 bebês Down por 50 mil partos, o risco foi dramaticamente reduzido: 100 em 700 mil!

Só que tem um porém (em tudo há um porém). O exame pouco adianta em países onde o aborto é proibido. O geneticista clínico dr. EDUARDO VIEIRA NETO, da clínica DLE, após estudo com 3.500 gestantes, confirmou a eficácia do exame e foi premiado pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica. “Esse exame é mais difundido em países com prática do aborto liberada”, diz Vieira Neto. Em São Paulo fazem o exame, por apenas 300 reais, os laboratórios Fleury (www.fleury.com) e DLE (dle.com). Agora, se a gestante em risco tiver dinheiro, esqueça este artigo! Pegue avião para HAVANA ou LISBOA, onde o procedimento cirúrgico em questão é gratuito, em modernas clínicas estatais.

ANDALUZIA: pra não dizer que não falei de flores, lembrarei o FLAMENCO, maravilhosa dança que nos remete a oito séculos de gloriosa civilização muçulmana na antiga Hespéria. No canto inspirado do poeta maranhense Ferreira Gullar: “zoam castanholas / baques e estampidos dos pés dessas espanholas que ao emitirem zumbidos de abelhas — nas castanholas — como que atraem maridos no trepidar dos solos e nos saltos repetidos. Pernas movidas a molas e desejos reprimidos/ uma lição espanhola de garbo e gesto medidos. E o orgulho que vem das solas dos pés, queixos erguidos / que nas fêmeas são estolas, saias, babados / e nos homens são gemidos fingidos de quem deseja a flor oculta sob os farfalhantes vestidos dessas fêmeas espanholas?”

José Loubeh é empresário e jornalista

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