Cadeirantes fazendo trilhas no meio da mata; deficientes visuais praticando mergulho livre e autônomo. Estas atividades, que podem parecer incomuns, estão acontecendo no Parque Estadual da Ilha Anchieta, em Ubatuba, durante esta temporada. O programa, que oferece roteiros especiais para pessoas portadoras de deficiências, teve início na semana passada e promete se expandir. A idéia é continuar recebendo grupos especiais, proporcionando momentos de lazer e descontração em meio a uma natureza extremamente preservada.
O primeiro passeio contou com a presença de 50 pessoas, entre membros do Centro de Inclusão Socioambiental do Cego (Cisac), da Associação de Defesa dos Dotados de Necessidades Especiais de Pindamonhangaba (Adepi) e seus familiares. Para esta temporada, ainda há duas datas disponíveis para grupos de deficientes que queiram participar, nos dias 19 e 26 de janeiro. Os grupos ficarão isentos de pagar a taxa de entrada e os passeios na Ilha. Os interessados podem entrar em contato por e-mail (parqueestadual.ilhaanchieta@fflorestal.sp.gov.br ou peia_contato@fflorestal.sp.gov.br) ou pelo telefone (12) 3832-9059.
Experiência única
“Fechei os olhos e senti, pela primeira vez, uma brisa gostosa no rosto. Prestei atenção ao som da água, das folhas caindo, dos galhinhos, o canto dos passarinhos. Nunca imaginei que poderia fazer uma trilha dentro da mata. Conheci folhas, frutas, cheiros, bichos. Adorei me sentir parte da natureza e poder fazer isso com a minha filha”, afirmou Ilse de Carvalho, que é cadeirante e fez a Trilha dos Sentidos.
O presidente da Cisac, Ayrton Sergio Saleme, realizou um sonho de infância ao mergulhar nas águas límpidas da Ilha Anchieta. “Eu nunca tinha mergulhado, foi maravilhoso! Acho que esta é uma iniciativa muito boa, porque nem todos os deficientes têm condições financeiras para fazer um passeio como este. Todos estão contentes e satisfeitos, fomos muito bem recebidos”, disse Ayrton.
Para o presidente da Adepi, Wellington Teixeira, a oportunidade foi muito boa. “A Ilha Anchieta é linda, fomos muito bem recebidos. Espero um dia poder voltar e trazer outros membros da associação, que não puderam vir desta vez.”
Um grande objetivo
Este programa faz parte do projeto “Eficiência Ambiental”, que tem a proposta de implementar a acessibilidade na Ilha, com trilhas adaptadas, interpretação ambiental com placas em braile; capacitação de funcionários e até mesmo de munícipes portadores de deficiência para trabalhar no receptivo, tanto da Ilha, como de outros locais.
Para a realização das trilhas terrestres e subaquáticas, o projeto conta com a parceria da Universidade de São Paulo (USP) e dos “Filhos da Ilha”, um grupo de pessoas voluntárias que viveram na Ilha durante o tempo que o presídio funcionava. O parque busca outras parcerias para colocar em prática o ideal de acessibilidade e capacitação.
A coordenadora do Parque Estadual da Ilha Anchieta, Viviane Buchianeri, explica que estes primeiros passeios estão servindo como uma boa experiência para todos os envolvidos. “Estamos percebendo que é um trabalho muito mais simples e gratificante do que imaginávamos. Os alunos da USP, por exemplo, estão descobrindo este ramo, que ainda é inexplorado e pensam em se especializar para o trabalho com este público. Percebemos que existe uma demanda neste sentido, que as pessoas com dificuldade de mobilidade, não só portadores de deficiência, mas também, grupos de terceira idade procuram e querem desfrutar do que a natureza oferece. Sabemos que ainda há muito por fazer, mas o trabalho já esta começando”, avalia a coordenadora do parque.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Prefeitura Municipal de Ubatuba
http://www.pindavale.com.br/agoravale/noticias.asp?id=10335&cod=1