Número de alunos com necessidades especiais em Ribeirão quase triplica em dois anos, segundo estudo do MEC
LIGIA SOTRATTI
Gazeta de Ribeirão
O número de alunos com necessidades especiais na rede de ensino de Ribeirão Preto, subiu 143,6% entre 2005 e 2007. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), há três anos a cidade tinha 459 estudantes nesta condição e, no ano passado, 1.118. Os números incluem escolas estaduais, municipais e particulares.
Para Tarcia da Silveira Dias, docente do Moura Lacerda que trabalha com educação voltada para as diferenças, a inclusão foi motivada por uma mudança na estrutura de ensino. “Hoje há uma política pública voltada para capacitar os professores. O educador que conhece Libras (Linguagem Brasileira de Sinais), por exemplo, tem sido valorizado. A escola entendeu que deve atender toda a comunidade e, para isso, é preciso ter qualificação.”
Segundo Odete Hirota, coordenadora da Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação, o número da rede municipal é maior do que o apresentado pelo MEC. “No ano passado, tivemos cerca de 700 alunos na rede. Existe uma dificuldade em classificar os tipos de deficiência. Às vezes o aluno entra na escola e só depois tem o diagnóstico clínico”, disse. Para Odete, além da capacitação dos professores, os pais têm tido mais informação sobre a importância da inclusão, o que também influenciou no aumento.
A dona de casa Vilma Marcolina de Faria Victor, 44 anos, tem um filho com Síndrome de Down, que desde os três anos frequenta o ensino regular. “É importante para ele conviver com outras crianças. Desde o início, o Felipe se adaptou muito bem, em parte, porque a escola estava preparada e deu muito apoio”, conta. Esse ano, o aluno vai mudar de escola e a mãe afirma que está tranquila. “Ele vai para a primeira série em uma escola estadual. Como lá já tem alunos especiais, acredito que não vai haver problemas.”
Na rede estadual, a capacitação de docentes é feita pelo Centro de Apoio Técnico Especializado (Cape). Em 2008, 25 mil professores em todo o Estado tiveram o treinamento.
Experiência é boa para mãe
A dona de casa Célia Rosa Kaida, 59 anos, tinha medo de colocar o filho Iuri, 9, no ensino regular. “Sempre fui orientada para colocá-lo na escola normal. Mas eu temia que ele não se adaptasse e só no ano passado que resolvi tentar”, conta. Iuri tem Síndrome de Williams, doença genética que pode causar problemas neurológicos. Para a mãe, a experiência foi ótima e este ano o menino deve continuar na Escola Municipal de Ensino Fundamental do Caic Antônio Palocci. “Ele passou para o 2º ano e gosta muito da escola. O desenvolvimento dele foi muito grande.” Para a diretora da escola, Beatriz Fiscatto Camillo, o garoto surpreendeu. “Foi um aluno muito ativo. Participou de apresentações e fez muitos amigos.”Segundo Beatriz, os professores passaram por treinamento quinzenal para lidar com várias situações pedagógicas —entre elas, a inclusão de alunos. (GR)