Nota Técnica – Recomendações às Pessoas com Deficiências
23 de abril de 2020 | Página 1/7 | Nº 01
A Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, por meio da Secretaria Executiva de Políticas de Saúde,
vem orientar medidas de proteção à saúde às pessoas com deficiência frente à Pandemia de Covid19.
RECOMENDAÇÕES GERAIS
1) Evitar contatos, aglomeração e manter medidas de restrição social. Caso seja imprescindível sair
de casa , faça uso de máscara de proteção.
2) Lavar as mãos frequentemente com água e sabão e/ou higienização com álcool 70%. A limpeza
deve ocorrer nos dedos, palmas e costas das mãos e punhos.
3) Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, com cotovelo flexionado ou utilizando-se de um lenço
descartável e evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
4) Manter distância, cerca de 2 metros, de qualquer pessoa, uma vez que tem sido considerada a
transmissão por assintomáticos;
5) Utilizar lenço descartável para higiene nasal, descartando-o em lixeiras (com tampa) e quando fizer
uso de máscaras descartáveis, colocá-las em saco plástico;
6) Não compartilhar objetos de uso pessoal (talheres, toalhas, pratos e copos);
7) Manter-se em ambiente limpo, com objetos e superfícies desinfetados com frequência e bem
ventilado;
8) Evitar o uso de medicamentos sem prescrição médica. Mesmo os vendidos sem receita, podem,
potencialmente, agravar a infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2 );
9) Os familiares e cuidadores, mesmo assintomáticos, devem fazer uso de máscaras ao cuidar de
pessoas com deficiência que estão no grupo de risco.
10) Manter em dia a vacinação
DISTANCIAMENTO SOCIAL
A restrição social tem por objetivo diminuir a probabilidade de contaminação pela doença COVID-19,
mesmo por aqueles que não apresentam sintomas ou sintomas leves. Para tanto, é preciso alguns
cuidados:
I- Evitar sair de casa (padaria, praças, shoppings, supermercados, farmácias, academias, caminhadas
ao ar livre, igrejas), exceto, em caso de extrema necessidade.
II- Consultas médicas não urgentes devem ser remarcadas.
III- Caso seja imprescindível sair de casa, fazê-lo com o uso de máscara de proteção, pois diminui a
disseminação do vírus. A máscara confeccionada no domicílio (de pano) pode ser utilizada, mas deve
ser agregada as outras medidas citadas para aumentar a proteção contra a COVID-19. Lembre-se a
máscara é de uso individual, não compartilhe.
SINAIS DE ALERTA
• Fiquem atentos aos seguintes sintomas: Coriza, Febre*, Tosse, Falta de ar**, alteração da
sensação de cansaço para os esforços de rotina.
• No caso de sintomas leves (coriza), preferencialmente, manter-se em casa. No caso de coriza e
tosse, manter-se em casa, mas em alerta. No caso de coriza, febre e tosse, procurar atendimento
na Unidade Básica de Saúde (Posto de Saúde). Caso apresentem coriza, febre, tosse e falta de
ar, deve procurar as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) mais próximo da localidade onde
reside.
• Em se tratando das pessoas com deficiência que tenham alguma comorbidade ou apresente
alguma condição que fragilize sua condição respiratórias, aos primeiros sintomas devem buscar
os serviços de saúde para atendimento.
• Casos suspeitos devem ficar em isolamento respiratório, desde o primeiro dia de sintomas, até
serem descartados.
• Não colher swab nasal (exame de coleta) para pesquisa do SARS-CoV-2 de pessoas sem
sintomas respiratórios (pessoas assintomáticas).
CUIDADOS ESPECÍFICOS
1) Pessoas com Deficiência Visual/Surdocegueira
• Higienizar as ferramentas de tecnologias assistiva de uso cotidiano, tais como: bengalas,
muletas, cadeiras de rodas, evitando risco de contaminação;
• Limpar os objetos que tocam com frequência, tais como joystick controle de TV;
• Atentar-se a lavagem das mãos com água e sabão e/ou higienização com álcool em gel 70%
em função de utilizá-las com bastante frequência para exploração tátil;
• Ao necessitar de apoio de outra pessoa para locomoção, segurar no ombro evitando tocar nas
mãos ou cotovelo de quem irá guiar;
• Para aqueles que se comuniquem por Libras tátil, as duas pessoas envolvidas no ato da
comunicação devem realizar a limpeza das mãos e dos antebraços antes e após a interação.
Para quem se comunique por tadoma, o rosto também deve ser higienizado;
• Em razão ao isolamento social, familiares estarão em casa por um período prolongado, reforçarse o cuidado de não retirar móveis do lugar costumeiros sem avisar a pessoa com deficiência
visual e/ou com surdocegueira pelo risco de ocorrer acidentes.
2) Pessoas com Deficiência Auditiva
• Para aqueles que compreendem e se expressam em Língua Brasileira de Sinais (Libras), caso
suas mãos não estejam lavadas (água e sabão) ou higienizadas com álcool em gel 70%, evitem
tocar o rosto ao sinalizar;
• Realizar videochamadas que possibilitem a interação em Libras, visando reduzir a sensação de
isolamento;
• Aqueles que fazem uso de prótese auditiva e/ou implante coclear, manusear os dispositivos
sempre com as mãos limpas (lavadas com água e sabão) e secas para evitar contaminação e
danificar os dispositivos;
• Para limpeza das próteses auditivas ou implantes coclear, seguir as orientações no manual dos
fabricantes ou entrar em contato com a empresa em razão aos modelos e marcas diversas. Não
recomenda-se limpeza com sabão e água, produto de limpeza ou mesmo álcool em gel 70%,
pois podem danificar a prótese auditiva ou processador de fala do implante coclear (parte
externa);
• Guardar os aparelhos auditivos ou implantes cocleares (parte externa) durante a noite no
desumidificador elétrico ou convencional. Lembre-se de retirar a bateria;
• O molde auricular deve ser limpo com sabão neutro e água. Deixe secar bem antes de conectálo a prótese auditiva ou ao dispoitivo externo do implante coclear.
3) Pessoas com Deficiência Física
• Limpar os objetos que toca com frequência, incluindo o aro de impulsão de cadeira de rodas, o
joystick, as órteses e próteses e os meios de locomoção como bengalas, muletas e andadores;
• Utilizar luvas (se possível) quando em contato com asfalto e outros superfícies;
• Ter cuidado redobrado para evitar tocar no rosto, boca e nariz.
3.1) Pessoas que apresentam Condições Neuromusculares de Alto Risco
• Fraqueza da musculatura intercostal ou do diafragma, que resulte em volumes respiratórios
menores que 60% dos preditos (CVF<60%), especialmente em pacientes com cifoescoliose;
• Uso de ventilação não invasiva ou invasiva;
• Capacidade de tosse fraca assim como capacidade em manter vias aéreas pérvias devido a
fraqueza orofaríngea;
• Presença de traqueostomia;
• Acometimento cardíaco (e/ou em uso de medicação para acometimento cardíaco);
• Risco de piora com febre, jejum ou infecção;
• Diabete ou obesidade concomitante;
• Uso de corticosteroides ou imunossupressores
Caso utilize ventilação mecânica e sejam traqueostomizadas, higienizar bem os equipamentos.
Ao realizar a aspiração, fazê-la com luva descartável e usar protetor facial. Ao término do
procedimento descartar a luva e lavar o protetor facial com água e sabão;
• Tratamentos não devem ser interrompidos, descontinuados, em especial, corticosteroides,
pacientes em corticoterapia crônica, tratamentos de imunossupressão para doenças musculares
inflamatórias, miastenia gravis, neuropatia periférica, exceto em circunstâncias específicas
determinadas pelo médico;
• Assegurar suporte ventilatório no isolamento e provê-los de informações relevantes e
equipamentos necessários à assistência domiciliar;
• Recomenda-se evitar a internação hospitalar, exceto, em caso necessário;
• Alguns medicamentos utilizados no tratamento da COVID -19 podem alterar a função
neuromuscular. Não tomar medicamento sem recomendação médica.
3.2) Pessoas com Ostomia
• Ao chegar em casa com o material que recebeu no polo de dispensação, descartar a
embalagem utilizada no transporte;
• Antes de iniciar o processo de higienização (esvaziar) ou de troca de bolsa, intensificar a
lavagem das mãos utilizando água e sabão, se possível utilizar álcool 70%;
• Ao concluir o processo, antes de tocar em qualquer outro objeto, lavar as mãos com água e
sabão, reforçando a higiene com álcool 70%;
• Ao esvaziar a bolsa, utilizar água e sabão neutro para eliminar o excesso de efluentes que
possam permanecer na parte interna da bolsa, secar com papel higiênico a parte final por onde
saem os efluentes e utilizar um lenço umedecido com álcool a fim de garantir a higiene desse
local antes de fechar com o clamp, que também deverá ser higienizado com frequência;
• Para os casos de gastrostomia ao manipular a área em contato com a pele, utilizar luva
descartável, reforçar a higiene na pele local e trocar a sonda no hospital, caso seja necessário;
• No caso de dúvida em relação aos procedimentos de limpeza ou materiais a serem utilizados,
entrar em contato com os profissionais que realizam a assistência ao paciente.
4) Pessoas com Fissuralabiopalatina e malformação craniofacial
• Pacientes em reabilitação deve fazer uso de máscaras no domicílio nos casos em que haja
algum familiar com quadro gripal e/ou sintomas respiratórios. O familiar deve permanecer isolado
em cômodo separado.
• Aparelhos ortodônticos móveis, placas palatinas, tutores ou modeladores nasais móveis devem
ser higienizados com água e sabão ou antisséptico como a clorexidina 0,12% ou com álcool gel
70% e enxugá-lo com algodão, gaze ou pano limpo. Caso precise retirá-los, para recolocá-los
repita o processo de higienização;
• Manter a limpeza da cavidade oral, segundo as orientações de rotina dos profissionais que
acompanham os pacientes;
• A lavagem nasal com soro fisiológico deve ser mantida por quem já faz de rotina, mas não
iniciada em tempos de pandemia;
• Intensificar os cuidados gerais de proteção e de higiene oro-nasal, sobretudo das pessoas com
malformação craniofacial e fissura labiopalatina, por apresentarem comunicações oro-nasais
mais evidentes. A COVID- 19 pode acarretar efeitos adversos nas mucosas com essas
características;
• Restringir os procedimentos odontológicos e cirúrgicos neste período, salvo em casos de
urgência e emergência.
5) Pessoas com Deficiência Intelectual/ Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)/
Deficiências Múltiplas
• Apoiar na limpeza das mãos por meio de apoio físico e apoio verbal (contagem dos segundos e
de elogios);
• Usar desenhos, vídeos, figuras e imagens (sequência da lavagem das mãos) para explicar a
necessidade das ações de higiene e distanciamento social;
• Orientar que as saudações (sorrir e acenar) podem ser realizadas à distância, mas deve-se
evitar o aperto de mãos, abraços e beijos. Esclarecer que se trata de uma fase que logo poderão
se cumprimentar como antes.
• Cuidado no uso e manuseio do álcool em gel 70%. Usar pequenas quantidades e oferta de
apoio físico;
• Reforçar a limpeza de prancha, pastas, brinquedos, figuras e tablet utilizados para comunicação
alternativa e aumentativa;
• Realizar videochamadas com amigos, familiares, cuidadores e terapeutas para possibilitar
interação, reduzindo angústias ou ansidedade;
• Pessoas com síndrome de Down, que tem alterações cardíacas e crianças com microcefalia por
Zika vírus constituem grupo de risco para COVID- 19, convém cuidados redobrados às medidas
de prevenção.
• No caso da pessoa ter salivação excessiva, remover a saliva com pano limpo e lavá-lo com
água, sabão e água sanitária a cada uso do pano. Reforçar a higiene das mãos antes e após o
procedimento.
6) Assistência Domiciliar
• Os profissionais de saúde em visita domiciliar devem usar equipamento de proteção individual
(EPI), de acordo com as normas estabelecidas;
• Os familiares, cuidadores e profissionais devem se higienizar sempre antes de entrar em
contato com as pessoas com deficiências;
• Os familiares e cuidadores, mesmo assintomáticos, devem fazer uso de máscaras ao cuidar de
pessoas com deficiência que estão no grupo de risco;
• Cuidado ao manipular fraldas e outros materiais com secreções, pois o vírus pode ser eliminado
pelas fezes;
• Redobrar a limpeza dos utensílios utilizados para os cuidados aos pacientes (estetoscópios,
aparelhos de pressão, entre outros);
• Não fazer uso de objetos que acumulam microrganismo, como: anéis, pulseiras, relógio e
outros);
• O profissional responsável pela coordenação do cuidado domiciliar deve planejar de forma
integrada o cuidado, evitando-se necessidade de hospitalização;
• Os tratamentos de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional no domicílio ou em centros
especializados devem seguir as recomendações e normas estabelecidas.
7) Assistência Domiciliar
• Pacientes com uso de sonda nasoenteral, a manipulação da sonda deve ser realizada com luva
descartável. Caso haja algum problema com a sonda se dirigir a emergência do hospital.
• O tratamento da estomatoterapia deve ser combinado com o profissional que realiza a terapia.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA EDE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL. 4ª Nota de
orientação aos médicos otorrinolaringologistas em relação à doença causada pelo novo coronavírus (Covid-19).
Disponível em: http://www.aborlccf.org.br/imageBank/2020-03-22_4a _nota_abr_anosmia_ce_lnss_cens.pdf.
Acesso em: 7 abr. 2020.
BORBA, L. Manifesto sobre impacto do Coronavírus para as pessoas com deficiência. Organização Nacional de
Cegos do Brasil (ONCB). Disponível em: https://www.camarainclusao.com.br/noticias/coronavirus-oncb-divulgamanifesto-sobre-impacto-na-vida-de-pessoas-com-deficiencia/.Acesso: 1 abr. 2020.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo de Tratamento do Novo Coronavírus (2019-nCoV). Brasília, 2020.
Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/fevereiro/05/Protocolo-de-manejo-clinicopara-o-novo-coronavirus-2019-ncov.pdf.Acesso em: 31 mar. 2020.
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Orientações para serviços de saúde: medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a
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Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/Nota+T%C3%A9cnica+n+04-2020+GVIMSGGTES-ANVISA/ab598660-3de4-4f14-8e6f-b9341c196b28. Acesso em: 5 abr. 2020.
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nota_tecnica_recomendacoes_as_pessoas_com_deficiencias_24_04_2020