Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF) buscou identificar qual o perfil dos participantes do programa
Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) analisou o perfil dos educadores sociais voluntários do Distrito Federal. A pesquisa “Educação inclusiva no Distrito Federal: o papel dos educadores sociais voluntários” buscou compreender o perfil desses profissionais, os motivos que levam ao ingresso no programa e razões para sua permanência, além dos desafios para o desempenho da função.
A pesquisa utilizou métodos quantitativos e qualitativos, incluindo levantamento de dados com grupos focais e entrevistas com gestores da Secretaria de Educação do DF (SEE-DF) e diretores de escolas públicas. Em evento realizado nessa quarta-feira (26/6) para apresentação dos dados obtidos, a diretora de Estudos e Políticas Sociais do instituto, Marcela Machado, comentou sobre os resultados, que fornecem “uma visão detalhada sobre o perfil e os desafios enfrentados pelos educadores sociais voluntários”.
“A pesquisa traz informações inéditas sobre esse ator que cumpre um papel crucial na educação inclusiva no DF, que é o educador social voluntário. É nosso papel enquanto instituto de pesquisa trazer informações sobre fenômenos sociais que demandam explicações e investigações, para permitir que o poder público possa agir de maneira focalizada”, comentou a diretora.
Perfil dos Educadores Sociais Voluntários
Os dados obtidos pela pesquisa “Educação inclusiva no Distrito Federal: o papel dos educadores sociais voluntários” revelam que mais da metade dos educadores sociais voluntários são mulheres (83,5%), na faixa dos 30 a 49 anos (53%) e se identificam como pardos (55%). Além disso, 57% dos entrevistados não possuem outra ocupação além de educador social voluntário.
Quanto a formação, a maioria dos educadores sociais voluntários mostraram ter ensino superior completo (41,5%) e pós-graduação (22,1%). Desses, dois terços dos educadores possui um diploma nas áreas de ciências humanas, linguística, letras ou artes (67%). Outras áreas que apareceram na resposta dos entrevistados foram as de tecnologia, engenharia, ciências exatas e biológicas (6% cada) e ciências agrárias (1%).
Entre as motivações para atuar no programa da Secretaria de Educação do DF (SEE-DF) apresentam dados mais variados. Nesta etapa da pesquisa, histórico pessoal, necessidade financeira e a busca por experiência profissional foram citadas como razões que levaram os participantes a serem educadores sociais voluntários.
29% dos participantes mencionaram a experiência pessoal com crianças e/ou adolescentes com deficiências e transtornos, enquanto 24% procuravam uma oportunidade profissional. 16% queriam aplicar os conhecimentos obtidos na universidade.
Realidades e Desafios
A pesquisa também buscou saber quais as atividades realizadas pelo educadores sociais voluntários no dia a dia escolar. Entre elas, as principais funções desempenhadas são o auxílio em sala de aula (89%), atividades recreativas (77%), locomoção (73%), refeições (69%) e higienização (67%).
Entre o perfil dos alunos assistidos pelos educadores, 50% apresentavam algum tipo de deficiência mental, sendo a grande maioria dos estudantes diagnosticados com Espectro Autista (82%). Deficiências físicas (45%), visuais (13%) e auditivas (13%) também foram citadas pela pesquisa.
Já quanto aos desafios ou motivos que levariam à desistência do programa, estão a falta de materiais adequados (40%), equipe técnica e apoio insuficientes (40%), alto número de alunos por classe (54%), e projetos pedagógicos que não contemplam a inclusão (22%).
Por fim, ao serem questionados sobre como melhorar essas condições de trabalho, quatro em cada cinco dos entrevistados apontaram a necessidade de aumento do valor do ressarcimento por turno e da oferta de cursos de capacitação. A abertura de mais vagas para educadores sociais voluntários também foi um desafio comumente citado (59%).