Muitas mães solteiras têm dificuldades em conseguir o reconhecimento paterno de seus filhos. Isso acarreta problemas não só para as mulheres, que têm de educar a criança sozinha, mas também para os próprios filhos, que sofrem com a carência do pai e com a discriminação causada pela ausência no sobrenome paterno. Para ajudar a conscientizar os homens sobre a importância deles nesse processo, foi criada, em Recife, a Associação Pernambucana das Mães Solteiras (Apemas).
De acordo com Marli da Silva, presidente e fundadora da Associação, a Apemas surgiu, em 1992, a partir da própria experiência de vida. Ela explica que, ao ser mãe solteira, sofreu com o abandono da família e do pai do filho que esperava. Assim, ela resolveu se unir a outras mães e formar a Associação.
A Apemas, que tem como objetivo reduzir a exclusão social de crianças e adolescentes em situação de desamparo paterno, desenvolve atividades de aconselhamento e encaminhamento de problemas de reconhecimento da paternidade. Entretanto, as atividades não são destinadas somente à conscientização dos homens. Segundo a presidente, a Apemas também explica às mulheres sobre a importância da presença do pai no desenvolvimento da criança, independente dos conflitos existentes entre o casal.
De acordo com a fundadora, a intenção é que os casos sejam resolvidos entre os pais sem precisar recorrer à justiça. Com 17 anos de existência, a Apemas já alcançou grandes conquistas e ainda continua a luta por mais garantias de direitos para as mães solteiras.
Atualmente, Marli comenta que a luta é pelo exame de DNA gratuito pelo estado de Pernambuco. Para ela, o exame auxilia no processo de reconhecimento dos pais, pois muitos homens alegam que a criança não é filha dele, questão que é solucionada através do teste.
A presidente explica que o exame era realizado gratuitamente pelo Estado, graças à luta da Associação. Porém, desde 2007, o convênio do laboratório não foi renovado e, consequentemente, o exame deixou de ser gratuito. Para isso, a Apemas está realizando um abaixo assinado pelo retorno dos testes de DNA gratuitos. De acordo com Marli, a expectativa é que 5 mil assinaturas sejam levadas ao Governo de Pernambuco no próximo mês.
Marli da Silva comenta que a intenção da Apemas é fazer com que os pais reconheçam os filhos. Para ela, reconhecer a criança não é somente colocar o sobrenome e oferecer uma ajuda financeira, mas também acompanhar a educação dela. “O problema é que ainda é muito forte a questão cultural de que o homem é o provedor e a mulher é a cuidadora”, explica.
Entretanto, a presidente comenta que essa realidade já está mudando, fruto, principalmente, da luta das mulheres e de muito trabalho da Associação. Somente em duas campanhas de conscientização, a Apemas já conseguiu que mais de 10 mil pais reconhecessem as crianças voluntariamente. Para Marli, muitos homens já estão tendo mais responsabilidades com os filhos. “Os pais começam a se ver importantes na vida das crianças”, acredita.
As matérias do projeto “Ações pela Vida” são produzidas com o apoio do Fundo Nacional de Solidariedade da CF 2008.
Fonte: http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=37917