Dia Internacional da Síndrome de Down em São Paulo

Fonte: D i á r io O fi c i a l P o d e r L e g i sla t iv o São Paulo, 119 (60)

Da redação

Por iniciativa da deputada Célia Leão (PSDB), a Assembleia Legislativa realizou sessão solene nesta

segunda-feira, 30/3, para marcar a passagem do Dia Universal da Síndrome de Down – que se comemora em

21 de março – e o cinquentenário da descoberta da origem genética da síndrome, feita pelo pesquisador francês

Jerôme Lejeune. Também foi homenageada a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD).

“Mesmo quem tenha alguma deficiência pode viver, e bem, se tiver família, amigos, solidariedade e políticas

públicas adequadas”, afirmou Célia Leão, ao ressaltar o caráter emocional que deu o tom à sessão solene. “Todos

temos o direito de viver e de ser feliz, e a felicidade é para todo mundo, independente de raça, cor, credo, não

importa se a pessoa tenha raciocínio mais rápido ou mais lento”, ela completou.

A sessão solene abriu espaço para que os próprios portadores da síndrome de Down se manifestassem.

Jovens, eles já possuem uma história diferente de inclusão e conquistas para apresentar. “Devemos lutar sempre

para conquistar nosso espaço, pois podemos fazer tudo que as pessoas fazem, com a mesma qualidade, só que um

pouco mais devagar”, disse Ilka Farrath Fornaziero, 30 anos. Ela, assim como outros, teve a oportunidade de

estudar e de inserir-se no mercado de trabalho. “O preconceito é outro problema, mas não podemos ficar

intimidados”, afirmou.

Preconceito e violência

Não só o preconceito, mas também a violência, apontou Gabriel Francisco de Camargo Lima, 23 anos, assistente de

loja e ex-aluno de escola pública. “No começo foi difícil, alguns colegas eram violentos e não gostavam de mim. Meu

sonho é acabar com essa violência”, disse Gabriel.

Outros desejos também povoam a vida dos portadores da síndrome. Ney Francisco Bourroul, de 42 anos, frequenta

aulas de informática, teatro, artes plásticas e academia. Sócio voluntário que atende visitantes do Museu de Arte

Moderna, ele sonha em ir para a França. Já Flávia Donatelli, 34 anos, que disse gostar muito de viajar de navio, quer

arranjar um emprego.

Edmilson Luís Lourenço da Silva e Thais Sousa Campos Leondarides também falaram de suas expectativas, das

oportunidades de trabalho e da grande vitória que obtiveram com o aprendizado da língua e de cursos

profissionalizantes.

Foram oportunidade de inclusão como essa que levaram Fernanda Jimenez, 32 anos, a exercer o cargo de assistente

parlamentar do vereador paulistano Floriano Pesaro (PSDB).

“Não importa se dizem que somos diferentes. Somos pessoas com muita responsabilidade”, disse Thais.

Mudanças

Há 30 anos essa situação parecia impossível, avaliou Eli Nogueira de Almeida, presidente da Associação para

o Desenvolvimento Integral do Down (Adid) e membro da FBASD. Entre os portadores da síndrome de Down e

seus familiares predominava o isolamento, segundo ele.

“As coisas começaram a mudar quando os pais passaram a se reunir e formar associações para decidir o que fazer

para que seus filhos fossem acolhidos pela sociedade e se tornassem produtivos”, declarou.

Também homenageado na sessão, o médico geneticista Zan Mustacchi, pediatra responsável pelo

ambulatório de genética do Hospital Infantil Darcy Vargas, concorda com Almeida. “Nos anos 60 já se

detinha tecnologia, mas foi a partir da década de 1970, quando os pais tomaram a iniciativa de exigir

que os profissionais aplicassem o conhecimento para a inclusão de seus filhos, que a situação dos portadores

da síndrome de Down começou a mudar”, confirmou.

Também participaram do evento, entre outros, o deputado João Barbosa (DEM) e a voluntária Andréa Barbi, da ONG

Instituto Meta Social, homenageada no evento. Bastante lembrado ao longo de toda a sessão, o pesquisador francês

Jerôme Lejeune (1926-1994), considerado o pai da genética moderna, foi o descobridor da causa da síndrome de

Down. Suas pesquisas levaram à publicação, em 1959, do estudo que apontava como causa da síndrome a existência

de 47 cromossomos nas células do embrião, em vez das 46 normalmente existentes. O material genético em excesso,

localizado no par de número 21, altera o desenvolvimento regular da criança. A síndrome foi denominado

por Lejeune trissomia 21.

Regina-SP

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