Seminário da Rede de Educação Popular compartilha experiências

Descrição da imagem: logotipo do Instituto Pólis - 20 anos
Descrição da imagem: logotipo do Instituto Pólis - 20 anos

Mudar a educação, tornando-a popular, acessível e com verdadeiro potencial de transformação. Para tornar isso realidade no Brasil, é necessário o trabalho de pessoas dispostas a enfrentar o desafio. E elas existem, estão nas escolas, na luta cotidiana, provando que é possível construir outro tipo de educação. Isso foi constatado na realização do Seminário Educação Popular: sua Contribuição para Mudar a Escola, que aconteceu na Escola da Cidadania do Instituto Pólis, em 25 de março, com a participação de cerca de 60 pessoas. Organizado pela Rede de Educação Popular, o seminário integra a programação da rede para 2009 que envolve outros seminários e um curso de formação.

O primeiro seminário do ciclo de 2009 refletiu sobre a força da educaçao popular em mudar e renovar o ambiente escolar. Experiências bem-sucedidas em curso na periferia da cidade de São Paulo. Histórias como as relatadas por Olgair Gomes Garcia, coordenadora pedagógica da EMEF Mauro Facchio, no Campo Limpo, zona leste da capital paulista. Aluna do mestre Paulo Freire, Olgair relatou trabalhos como o Trapalhadas, oficinas culturais realizadas na escola que envolve antigos e atuais professores da escola, alunos e funcionários. Todos participam do processo de organização da atividade, que rompe com a rotina escolar e altera a relação entre alunos, professores e comunidade. “Como a mudança de rotina implica em mudança de hábitos, tudo isso exige a necessidade de muita paciência e disponibilidade para lidar com a desorganização real ou aparente e o inesperado. E é, sem dúvida, neste processo que todos nós vamos aprendendo muito uns com os outros e nos tornando mais sensíveis, tolerantes e abertos para novas experiências”, diz texto de abertura do folheto que fala sobre o projeto Trapalhadas. Outro projeto desenvolvido na escola é o PROVE (Projeto de Valorização do Educador e Melhoria da Qualidade do Ensino), que promove a qualificação dos professores integrando as escolas da região.

Já a diretora da EMEF Oliveira Viana, no Jardim Angela, zona sul da cidade, Josileide Rodrigues Mauger, destacou a importância da construção de vínculo com crianças e adolescentes destas comunidades como uma forma de ação direta, como é o Conselho de Classe Participativo, que envolve pais, professores, alunos, funcionários. “No começo é difícil, dói expor os problemas tão diretamente. Mas é melhor errar fazendo que não tentar. Precisamos aprender a aprender e a acreditar no sonho”, afirma.

O projeto do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos do Campo Limpo (CIEJA) também foi compartilhado no seminário, através de sua coordenadora, Eda Luis. No Centro, tudo é decidido em assembléias e os alunos frequentam as aulas na hora em que podem (são seis períodos de duas horas e meia, cada); há também uma creche para que as mães possam assistir as aulas sem a preocupação de com quem deixar seus filhos. As sextas feiras acontecem oficinas temáticas que buscam articular diferentes saberes, em dupla docência como por exemplo, matemática e arte, ou ciência e filosofia. O centro permanece sempre aberto. Eda conta que eventualmente, alguns objetos somem, mas que reaparecem da mesma forma. “Precisamos buscar soluções alternativas que não sejam de trancar, fechar. A escola pública é da comunidade”, defende Eda.

“ As relações horizontais entre educadores, educandos, família e comunidade apareceram como marcas distintivas de experiências de escola pública repletas de criatividade e ousadia na periferia de São Paulo. A participação da comunidade, as parcerias com ONGs e igrejas da região, o planejamento participativo fazem com que escolas públicas de regiões periféricas e problemáticas como Campo Limpo e Jardim Ângela sejam alegres e coloridas, parecendo ser até, escolas privadas. Porém elas são públicas e marcadas pela inclusão de jovens em contato com o mundo do crime, mães com filhos pequenos, idosos, pessoas portadoras de necessidades especiais, pessoas que trabalham em turnos rotativos. Estas experiências mostram que transformar a educação no Brasil é um processo que deve ser encarado com coragem e alegria”, destaca Maria do Carmo Albuquerque, coordenadora da Escola da Cidadania.

Este primeiro dia de atividades envolveu também a oficina Jogos Dramáticos, realizada por Georgia Vassimon e Maria Christina de Magalhães Silvestre e que teve a participação de cerca de 35 pessoas. A atividade possibilitou a vivência entre os participantes por meio de jogos, exercícios e leitura destes exercícios. O trabalho aconteceu na perspectiva de intensificar as atividades de educação popular.

As atividades formativas da Rede de Educação Popular são um espaço de reflexão e recriação da educação popular, que teve início em 2008. Faça o download da publicação eletrônica que traz o conteúdo dos seminários já realizados. Veja também a programação dos próximos seminários que terão como foco as contribuições da educação popular para os educadores engajados em projetos sociais e para os militantes de movimentos sociais que buscam exigir direitos e incidir em políticas públicas.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *