Entre os alunos do ensino fundamental matriculados nas escolas regulares da rede municipal de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, não há nenhum cego. Mesmo assim, 19 professores novalimenses participam, até o dia 17 de abril, de um curso de braille, ministrado por um professor do Centro Pedagógico para Deficientes Visuais (CAP-BH). Durante os próximos dias, um professor de cada escola municipal da cidade receberá aulas de noções básicas do alfabeto especial para deficientes visuais. A idéia é que os educadores da cidade se preparem para demandas futuras e promovam o aprimoramento da inclusão na educação básica.
Mudança na postura
Fabrício Araújo/PNL
Professores aprendem a ensinar em braille.
O curso é dividido em dois módulos com duração de 40 horas, e culminará com visitas ao Instituto São Rafael, que atende aos deficientes visuais no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Para Mara Motta, professora de história na Escola Municipal José Brasil Dias, o curso foi além das expectativas da classe. Além de desenvolverem habilidades de leitura em braille, os professores aprendem métodos de ensino não só do alfabeto, mas também de códigos matemáticos e de música. Mara afirma que o contato com o material modifica a postura dos professores em relação aos alunos.
A professora, que está envolvida com o módulo de Educação para Jovens e Adultos na escola, lida diariamente com alunos com baixa visão e considera o domínio do braille útil também nesses casos. “A postura do professor frente ao aluno muda, tanto na forma de ensinar como na orientação para que ele busque outros recursos fora do currículo escolar”, diz Mara.
Parceria
A iniciativa é fruto de uma parceria entre a prefeitura da cidade e a Secretaria de Estado da Educação. Mas essa não é a primeira vez que a aliança gera bons resultados. Em 2008, os professores fizeram curso de Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), para lidarem melhor com deficientes auditivos.
De acordo com Ana Regina de Carvalho, Diretora de Educação Especial da secretaria, educadores de vários municípios mineiros, como Juatuba, Santo Antônio do Monte e Senhora dos Remédios, já passaram por cursos de capacitação. De acordo com dados do censo escolar, Minas Gerais possui 268 alunos com deficiência visual estudando especificamente em escolas estaduais especiais e mais 1.023 incluídos em escolas regulares do estado.
Apesar de ainda não haver prazos estipulados em lei para que as escolas da rede pública tenham em seu quadro pessoal capacitado para lidar com educação especial, a Secretaria reconhece a necessidade de preparar os professores para demandas que possam surgir, de acordo com a Lei 9394/96.
Em Nova Lima, o próximo passo é oferecer o curso de capacitação em braille aos professores da educação infantil da cidade e aos funcionários da Escola Ana do Nascimento Souza de Educação Especial. Nessa unidade de ensino, alunos portadores de necessidades especiais são acompanhados por uma equipe multidisciplinar e têm o acesso garantido nas demais escolas da rede municipal. Ao todo, 193 estudantes já foram encaminhados.
Braille
Criado pelo francês Louis Braille, em 1829, o Sistema Braille é um alfabeto convencional, distinguido por meio do tato, em que os caracteres se indicam por pontos em relevo, gerados por uma máquina especial. Uma pessoa experiente consegue ler 200 palavras por minuto.
(com informações de Otávio Oliveira/Portal Uai)