“Meu nome é PP Joel. PP de Poeta e Pintor”. Quem se apresenta assim é Joel Ventura da Silva. E ele é muito mais: artista plástico, compositor de hip hop, cabeleireiro e escritor, autor de dois livros “Lagamar, Cenário de Vida (2006) e “Narrativas de Minha Tesoura (2009). Aos 43 anos, nascido no bairro Lagamar, em Fortaleza, é como PP Joel que ele conta sua história de superação. O desafio agora é levar às telas de cinema sua trajetória: Infância pobre, adolescência em meio ao tráfico de drogas, início da juventude no presídio por assalto à mão armada e o encontro com pessoas que o ajudaram a se reconhecer como uma pessoa de talento. Com poucos anos de estudo mas com uma inteligência excepcional, tornou-se cabeleireiro e, um dia, sentiu vontade de contar sua história. “Toda noite, depois do trabalho, eu ditava para a mulher Nira Ventura”, conta. Essa trama ele quer transformar em roteiro de cinema.
PP Joel perdeu o pai quando tinha sete anos. A mãe precisava trabalhar e estava sempre ausente. “Furão”, passou a freqüentar a sede do Fundo Cristão para a Criança no Lagamar, mas como estava “fora de faixa (etária)” não participava dos projetos sociais. “Passava o dia lá para pegar merenda”, revela. Assim, acabou apadrinhado pelo diretor da instituição, Narciso Coelho, que reconhecia a inteligência e vivacidade do adolescente. Apesar das orientações e do apoio, PP Joel se rendeu ao assédio de traficantes do bairro. “Fui endolador, fazia a divisão e os pacotes da droga. Caí na cadeia aos 18 anos”, diz.
Para ele, o Instituto Penal Professor Olavo Oliveira foi uma “escola”. “O marginal aprende de tudo. Pode entrar leigo e sai habilitado para o mundo do crime”. PP relembra que quando saiu do presídio não mudou de vida. “Passei a fumar e cheirar tudo”, afirma. Levava droga do Lagamar para o Mucuripe, “surfando” em trens, até que um dia caiu e por pouco não morreu. A mãe dele, Narciso, e uma amiga sempre buscaram ajudá-lo a sair da marginalidade. Três anos depois, um encontro com o missionário evangélico David foi decisivo para a mudança de vida. “Ele me evangelizou. Um dia fumava tudo e no outro não senti mais vontade”, conta PP.
Aprendeu o ofício de cabeleireiro e saía de porta em porta em busca de clientes. Aos poucos firmou nome, casou teve três filhos e sempre muito comunicativo fez amizades com gente famosa: jornalistas, cantores, escritores, empresários. Apresentou-se em diversos programas de TV cearenses, mostrando a habilidade com a tesoura e como artista plástico e decorador. Depois de se mostrar como cidadão, achou ter chegado a hora de contar sua história. Perguntou a amigos e familiares se eles não se sentiriam constrangidos. Com o OK de todos, publicou a narrativa que recebeu elogios de nomes do cenário cultural como os professores Gilmar de Carvalho e José Leite Jr., da Universidade Federal do Ceará.
O menino “furão” quer ir mais longe. Além de levar sua história às telas de cinema, PP Joel tem outro “sonho possível”: ir ao Programa do Jô Soares ou ao da Ana Maria Braga mostrar para o País como é possível ter a vida transformada. Hoje, mora no bairro Itamarati, na área da Grande Messejana, mas está sempre ligado ao Lagamar onde moram parentes seus. Ali, desenvolve iniciativas cidadãs, seja orientando pessoas a obterem documento ou emprego seja ajudando a aumentar a auto-estima de outras, cortando cabelo e as embelezando.
Mais Informações: PP Joel, Pintor, poeta, escritor e cabeleireiro – (fone: 85 8864 0542)
Fonte: Agência da Boa Notícia – http://www.boanoticia.org.br/noticias-naintegra.php?id=fbsLKVnja3w/7FbggcJx1GAXvWiL4KSRaFrUBCewmmI=