O Brasil da educação é um alfobre de excelentes exemplos de projetos de mudança. Não farei o seu inventário porque, com certeza, as “escolas invisíveis” serão referidas neste número da Pátio. Creio ser oportuno falar-vos dos riscos da inovação e da necessidade de reconhecer que, por detrás de uma boa prática, há sempre uma boa… teoria. Desde meados da década de 1980, a Escola da Ponte tem sido inspiração para muitos professores e escolas que não desistem de fazer dos seus alunos seres mais sábios e pessoas mais felizes. Mas uma preocupação me assalta: por vezes, vejo reeditadas práticas da Ponte sem que os autores da mudança reflitam sobre o porquê da adoção. Chamo a atenção desses professores para a necessidade de dar resposta a necessidades locais, respostas específicas a problemas específicos, que não serão, certamente, aqueles que a Ponte defrontou. Nada se repete, e os projetos não devem ser clonados. Falo-lhes também dos nossos esforços de pesquisa motivados por problemas que resolvemos e avaliamos com apoio na teoria. Chamo a atenção dos que ousam mudar as suas práticas para uma realidade incontornável: nenhuma mudança poderá prescindir dos contributos da teoria. Por essa razão, evocarei uma das matrizes teóricas que influenciaram as práticas da Escola da Ponte. Uma delas − e não a única − porque a Ponte recebeu influências de múltiplas propostas teóricas.
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Parabéns à equipe da Inclusive por abrir um espaço para pensadores como o Pacheco. Ele tem dito que não podemos tentar clonar a Escola da Ponte no Brasil, pois cada realidade é única e singular. No entanto, ele disse também que a Ponte demonstrou que a “utopia” de uma nova escola é possível e que cada escola deve encontrar seu caminho, tendo sempre como princípio básico de que as realidades próprias de cada uma e de cada sala em uma mesmoa escola são diferentes. A inclusão, por sua vez, tem tudo a ver com essa questão. Como pensar em ensinar para a diversidde em um modelo de escola que ainda privilegia a homogeneidade? Segundo o Pacheco, não podemos lidar com uma sala de aula como se fosse um aluno. Esse é um debate, acredito, ainda pouco discutido pelos defensores da inclusão.
Um gde abraço, Guga Dorea
pai do Thiago e da Joyce