A importância da existência de banheiros adaptados para uma pessoa ostomizada

Por Christiane e Cláudia Yamada

Quando uma pessoa possui algum tipo de deficiência física, geralmente, é possível percebê-lo facilmente, como por exemplo, um cadeirante, deficientes visuais, auditivos, além de pessoas com Síndrome de Down, enfim, a maioria das classes de deficiências permite ao portador que se identifique – e seja identificado – como tal e, portanto, conte com a boa vontade da sociedade em geral e dos órgãos protetores para melhorarem sua qualidade de vida. Por outro lado, existem pessoas que são portadores de deficiências menos conhecidas, mas nem por isso menos importantes, já que esses pacientes também requerem adaptações que são fundamentais para conseguirem realizar, com tranquilidade, suas atividades mais cotidianas, como exemplo podemos citar os ostomizados.

Quando uma pessoa fica ostomizada, ela passa por algumas transformações em sua vida, e uma delas é a necessidade de um banheiro adaptado, que é o principal ambiente que sofre alterações para atender às suas necessidades. Porém esse tipo de adaptação é raríssimo de se encontrar.

Infelizmente, quando se constrói banheiros para portadores de necessidades especiais, geralmente as pessoas só se lembram dos cadeirantes, e se esquecem de que existem deficiências diversas, cada uma com especificidades diferentes.

Muitas pessoas ostomizadas hesitam em sair de suas casas e em ter uma vida social ativa, pois se preocupam em como esvaziar a sua bolsa coletora fora de suas residências. Para um ostomizado pode ser estressante utilizar banheiros públicos e pode causar pânico o fato de lidarem com os eventuais vazamentos de dejetos ou urina em banheiros públicos. Portanto, a disponibilização de banheiros públicos para o atendimento adequado aos ostomizados pode ser a chave para aumentar a sensação de bem-estar e a reabilitação dos ostomizados em sua comunidade. O ideal seria que esses banheiros fossem instalados em hospitais, casas geriátricas, clínicas e todos os prédios públicos.

Para uma pessoa não ostomizada, isso pode parecer um “sonho de consumo”, mas para os ostomizados, um banheiro adaptado é sim uma necessidade.

Só os ostomizados sabem a dificuldade em esvaziar a bolsa de ostomia, principalmente em banheiros públicos. Ao esvaziar a bolsa, as fezes são despejadas em vasos sanitários normais, e nessa operação, se o ostomizado não tiver cuidado, pode ter a roupa respingada.

Cada pessoa se adapta do jeito que achar melhor, alguns agacham, outros sentam no vaso sanitário, de frente, de costas, de lado …, lógico que isso não é o fim do mundo, mas não seria mais fácil se a pessoa ostomizada pudesse esvaziar a bolsa de pé? E é para isso que servem os banheiros adaptados, para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

O ideal é ter um vaso sanitário exclusivo para as pessoas ostomizadas, que deve ficar aproximadamente a 80 centímetros do solo, em uma altura adequada para o ostomizado esvaziar a sua bolsa. Também é muito importante instalar junto ao vaso sanitário um ponto de água equipado com uma ducha higiênica, pois facilita a higienização da bolsa.

Quando a pessoa ostomizada usa banheiro em casa, o problema é menor, pois já está acostumado, porém, em banheiros públicos, a dificuldade pode ser bem maior, pois o espaço pode ser pequeno, pode não ter ducha higiênica, a altura do vaso sanitário pode não ser adequado e também existe o medo de fazer sujeira. Quantos ostomizados já não sofreram algum acidente ao esvaziar a sua bolsa?

Em alguns lugares existem banheiros adaptados para o ostomizado, como por exemplo, podemos citar o Japão (instalado na Prefeitura de Narashino, em 1998), Portugal (na Cidade do Barreiro), e também em algumas cidades brasileiras, como em Nova Friburgo (na sede da AOCNF – Associação dos Ostomizados do Centro – Norte Fluminense), Pernambuco, Amazonas (Associação dos Ostomizados do Amazonas – ASSOAM), Piumhi (Centro de Apoio dos Amigos Ostomizados de Piumhi -Minas Gerais), São Paulo (AME Barradas).

Existem outros banheiros adaptados pelo mundo, mas são poucos para o número de ostomizados, esperamos que esses sejam exemplos para a construção de muitos outros, para que o ostomizado possa usar banheiros públicos adequados às suas necessidades, sem as dificuldades que se tem atualmente e sem medo.

Fonte: Ostomia sem fronteiras

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Em Juiz de Fora, MG, aprovada a disponibilização de sanitários adaptados para ostomizados

Os shopping centers, os centros comerciais e os supermercados com área bruta locável (ABL) superior a 2.000 m2, assim como os cinemas, os teatros, as rodoviárias, os estádios de futebol e locais destinados a realização de festas e shows, ainda que com área inferior, terão que disponibilizar banheiros públicos adaptados para ostomizados. A Câmara aprovou projeto de lei do vereador Roberto Cupolillo (Betão) estabelecendo a medida. A expectativa do vereador é pela sanção da lei. A partir daí, os estabelecimentos terão 180 dias para tomarem providências.
Várias adaptações são propostas pelo vereador, a começar pelo aviso de acesso preferencial aos portadores de necessidades especiais,com o símbolo universal do ostomizado. Os toaletes terão, além de vasos normais, sanitários infantis com anteparo seco, instalado há aproximadamente 80 centímetros do chão, fechado por uma bancada.  E a ducha higiênica deve ser instalada a 110 centímetros de altura, do lado direito e próxima ao toalete.
“A criação desses banheiros adaptados não exige nenhuma tecnologia de ponta. A instalação é de baixíssimo custo, ainda mais, quando comparada aos benefícios à dignidade da pessoa ostomizada”, afirma Betão. O vereador argumenta que Juiz de Fora é referência no atendimento desde a criação do Centro de Atenção à Pessoa Ostomizada, vinculado ao SUS, em 1988. Além de distribuir bolsas coletoras, oferecidas pelo Poder Público, o Centro disponibiliza profissionais especializados, entre os quais enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos. Funciona no sétimo andar do Departamento de Clínicas Especializadas, PAM Marechal, que já conta com banheiro adaptado. A obra pode servir de modelo,” disse.
As penalidades já estão definidas para os infratores. No caso de serem concessionárias ou permissionárias de serviço público, estarão sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor. Os demais estabelecimentos vão arcar com multa entre R$ 500 a R$ 5000 e podem, inclusive, perder a licença de funcionamento. As penalidades serão aplicadas em dobro em caso de reincidência.

Informações: www.camarajf.mg.gov.br

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