Informática faz milagres

Por Arnaldo Niskier *

A vantagem de comparecer a eventos nacionais e internacionais é a troca de ideias, enriquecendo os nossos conhecimentos. É uma verificação animadora: não só existem os especialistas em guerra, assustando o mundo, mas muita gente tratando de doenças aparentemente insolúveis. Nesse aspecto, os brasileiros estão avançados, com uma série de experiências notáveis.

As novidades, no campo da informática, são diárias. Ou mesmo de minuto a minuto se toma conhecimento de algo surpreendente, em termos de avanço científico e tecnológico. São curas aparentemente milagrosas ou previsões de enchentes com cinco anos de antecedência, como pudemos verificar participando da 7ª Multi-Conferência Internacional em Sistemas, Cibernética e Informática, representando a Academia Brasileira de Letras.

O evento foi realizado na cidade de Orlando (Flórida), nos Estados Unidos, reunindo cerca de 200 especialistas do mundo inteiro, inclusive muitos brasileiros. Assistimos a apresentações espantosas, como a acessibilidade e autonomia para cegos, com o emprego do jogo de xadrez. O mundo tem 285 milhões de deficientes visuais, dos quais 39 milhões são cegos. Hoje, graças a pesquisas intermitentes, muitos deles podem jogar xadrez via áudio, com o uso de computadores cada vez mais arrojados. A incapacidade visual está sendo tratada como questão de direitos humanos, e assim nasceu a VerWeb.

Há muito empenho em medir o desempenho dos professores em aula, valorizando-se iniciativas de inovação educativa. No México, por exemplo, com metodologias participativas, empregam-se redes sociais no ensino, com ênfase na matemática, integrando pesquisa à prática. Com bons resultados.

Novos conhecimentos são repartidos, inclusive por muitos brasileiros. O técnico Stevan Lopes, do Instituto Nacional de Telecomunicações, mostrou em seu estudo que a interface pode ser amigável. Criou uma plataforma para simulação gráfica e análise de sinais. Outra patrícia, a professora Ilana Souza Concílio, da Universidade Mackenzie, que trabalha com games, apresentou um aplaudido jogo para estimular o raciocínio em matemática, sabidamente matéria que apresenta graves deficiências na educação brasileira. Mostrou como o game pode valorizar o aprendizado da ciência do raciocínio.

Em outro momento, um grupo de cientistas do Instituto Manguinhos, da Fundação Osvaldo Cruz, demonstrou como são desenvolvidos medicamentos da rica biodiversidade brasileira, com vistas ao uso do SUS. O objetivo é capacitar gestores, 700 deles com o emprego da modalidade da educação à distância, para utilizar mais adequadamente nossas famosas plantas medicinais.

Já a especialista paranaense Deisy Mohr Bauml, partindo do princípio de que o Brasil tem 1,5 milhão de pessoas com Síndrome de Down, mostrou como é possível desenvolver competências e qualidade de vida mesmo com essa deficiência. Um encontro muito positivo, com grandes lições também sobre a segurança das informações.

*Arnaldo Niskier, membro da Academia Brasileira de Letras e presidente do CIEE-RJ, é professor de história e filosofia da educação e autor do livro ‘Memórias de um sobrevivente’ – aniskier@openlink.com.br

Fonte: Jornal do Brasil

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