Por Reinaldo Bulgarelli
Para estar entre as melhores, nenhuma delas precisa apresentar algum cuidado com a promoção da igualdade racial e nem mesmo práticas de enfrentamento do racismo.
Assim, você pode estar numa empresa considerada melhor e não ter um colega negro ao seu lado.
Dizem que esse número de brancos é a tal meritocracia. Há controvérsias. É possível ser a melhor empresa para se trabalhar num país com tamanha desigualdade racial? Isso não impacta o negócio e o desenvolvimento do país? Quando é que os critérios para se eleger uma empresa para isso ou para aquilo (prêmios, índices da bolsa, crédito governamental etc.) passarão a considerar efetivamente a questão racial como algo essencial para o negócio e para o país?
No caso de multinacional, nem sequer trazemos para o Brasil o que faz a matriz. Seria impensável apresentar os mesmos dados nos EUA ou na Europa. Pior ainda, seria impensável não apresentar dado algum em relação à demografia interna da empresa quanto à questão racial, como acontece aqui.
A Época e a Você S.A., com seus parceiros, precisam rever seus critérios e incluir fortemente esse tema porque o Brasil tem mais de 50% de negros em sua população. Fosse muito menor esse percentual, como nos EUA, já seria motivo para agir a favor da diversidade racial.
Este é um dos temas de um seminário que estou ajudando a organizar e que deve acontecer em novembro. Se a questão também te incomoda, vou divulgar aqui assim que for aprovado e tomara que possamos começar 2015 com outro olhar sobre o que é ser uma das 130 ou 150 melhores empresas para se trabalhar.
Estou focando na questão do negro, mas o mesmo vale para o cumprimento da legislação de cotas (é lei!) para a inclusão de profissionais com deficiência. Sua empresa pode ser considerada entre as dezenas de empresas como a melhor para se trabalhar sem que a questão da lei seja avaliada? Temos que criar um índice à parte, como está sendo criado? Dou a maior força, mas fazemos isso pelo triste motivo de que algumas portas estão fechadas e resta apenas caminhos alternativos.
Presidentes das grandes empresas, profissionais da área de SRSE e suas organizações, podemos e devemos mudar isso.