Dicas para famílias de crianças com microcefalia

DICAS PARA FAMILIAS DE CRIANCAS COM MICROCEFALIA - FONDO LARANJA, QUADRO AZUL E LETRAS BRANCAS.

 

Diretrizes-de-Estimulacao-Precoce - bandeira do brasil.

Com informações corretas, as famílias podem contribuir muito para o desenvolvimento e qualidade de vida das crianças com microcefalia. A primeira coisa a saber é que seus filhos têm os mesmos direitos que qualquer outra criança. Isso é garantido pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e pela recente Lei Brasileira de Inclusão. Eles têm direito à saúde, à educação em escola inclusiva e à “participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”. Informem-se e conheçam os direitos de seus filhos.

O Movimento Down publicou um guia de acolhimento, com informações para famílias de crianças com microcefalia, o Três Vivas para o Bebê.

Mother kisses baby girl with microcephaly while holds her in her arms.

Veja alguns cuidados com os bebês recém-nascidos:

CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO COM MICROCEFALIA

  • Proteger o ambiente com telas em janelas e portas, e procurar manter o bebê com uso contínuo de roupas compridas – calças e blusas.
  • Manter o bebê em locais com telas de proteção, mosquiteiros ou outras barreiras disponíveis.
  • A amamentação é indicada até o 2º ano de vida ou mais, sendo exclusiva nos primeiros 6 meses de vida.
  • Caso se observem manchas vermelhas na pele, olhos avermelhados ou febre, procurar um serviço de saúde.
  • Não dar ao bebê qualquer medicamento por conta própria.
  • Leve seu bebê a uma Unidade Básica de Saúde para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento conforme o calendário de consulta de puericultura.
  • Mantenha a vacinação em dia, de acordo com o calendário vacinal da Caderneta da Criança.

Informação

  • Além do acompanhamento de rotina na Unidade Básica de Saúde, seu bebê precisa ser encaminhado para a estimulação precoce.
  • Caso o bebê apresente alterações ou complicações (neurológicas, motoras ou respiratórias, entre outras), o acompanhamento por diferentes especialistas poderá ser necessário, a depender de cada caso.

O Ministério da Saúde divulgou duas publicações muito importantes para as famílias e agentes de saúde que atendem crianças com microcefalia. A primeira é o “Protocolo de atenção à saúde e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus zica”, voltado para os profissionais de saúde, mas também importantes para as famílias estarem atentas às características de seus filhos, os exames, tratamentos e tratamentos indicados, para que possam estar seguras do acompanhamento que seus filhos estão tendo.

A outra publicação também é voltada para profissionais de saúde como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, mas pode ser especialmente importante para as famílias e creches que receberão bebês com microcefalia. As “Diretrizes de estimulação precoce : crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor decorrente de microcefalia” trazem exercícios de estimulação que podem ser realizados em casa pelos pais e que, certamente, contribuirão muito para o desenvolvimento dos bebês. Uma vez que os serviços terapêuticos são restritos e muitas vezes não são oferecidos em lugares afastados dos grandes centros, a cartilha pode ser uma aliada das famílias que desejem contribuir para o progresso das crianças com microcefalia.

Veja a matéria da BBC Brasil com a família do Gabriel.

Documentário Zika, dirigido por Débora Diniz

https://www.youtube.com/watch?v=m8tOpS515dA

Livro “Zika: do sertão nordestino à ameaça global”, de Debora Diniz (Civilização Brasileira, 2016, 192 páginas)

http://www.revistaamalgama.com.br/11/2016/resenha-zika-debora-diniz/

Mais informações sobre microcefalia:

Informações de todos os tipos tem circulado na Internet sobre os casos de zika e microcefalia. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Saúde (MS) publicaram algumas notas para esclarecer a população sobre mitos que estavam sendo indevidamente compartilhados. Confira um resumo dessas notas e o que é realmente verdade:

Crianças menores de 7 anos, idosos e vetores

MITO: Áudios circularam em grupos de Whatsapp mencionando a possibilidade e a existência de crianças menores de 7 anos e idosos com sintomas neurológicos decorrentes do vírus zika. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) esclareceu, em nota oficial (8/12), que essas informações não têm fundamentação científica. Até o momento, não há qualquer registro de crianças ou idosos apresentando sintomatologias neurológicas relacionadas ao vírus zika. É importante também esclarecer que, assim como outros vírus, a exemplo de varicela, enterovírus e herpes, o zika poderia causar, em pequeno percentual, complicações clínicas e neurológicas em adultos e crianças, sem distinção de idade. Quanto ao vetor, atualmente, não existem estudos científicos que apontem para o envolvimento de outras espécies de mosquitos além do Aedes aegypti na transmissão da doença no Brasil. Confira a nota na íntegra.

Amamentação e transmissão sexual

MITO E VERDADE: Na página oficial do Facebook, frente a informações confusas que circularam nas redes sociais sobre a amamentação e o zika, a Fiocruz esclareceu (que, embora já se tenha identificado o vírus no leite materno, não houve, até o momento, nenhum relato de caso em que tenha havido a transmissão do vírus zika para o bebê pelo leite materno. A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, coordenada pela Fiocruz, afirma que, por conta de todos os benefícios que o leite materno traz ao recém-nascido, incluindo o aumento da imunidade, a amamentação deve ser encorajada e incentivada mesmo em áreas endêmicas para o vírus zika. Com relação à possiblidade de transmissão pelo sêmen, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (em inglês, Centers for Disease Control and Prevention – CDC), há apenas um caso relatado na literatura científica de transmissão do vírus zika por relação sexual. O uso do preservativo é recomendado para prevenção de todas as doenças sexualmente transmissíveis.

Fiocruz Pernambuco, síndrome de Guillain-Barré e zika 

MITO: O Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz Pernambuco), unidade da Fundação no estado de Pernambuco, notificou (26/11), por meio de uma nota oficial, qual era sua real contribuição nas pesquisas que envolvem o vírus zika e sua relação com o síndrome de Guillain-Barré, devido a informações equivocadas veiculadas pela imprensa a respeito do tema. A unidade da Fundação, em 2014, não desenvolveu qualquer estudo e não realizou testes para identificação do vírus zika. No entanto, dentro de um projeto de pesquisa voltado para o estudo da dengue, os pesquisadores identificaram, por diagnóstico molecular, dez amostras positivas com material genético do vírus zika, em um universo de 224 casos suspeitos de dengue investigados laboratorialmente. A Fiocruz Pernambuco ressaltou que a identificação do tipo de comprometimento neurológico, seja Síndrome de Gulliian-Barré ou qualquer outra, não foi feita pelos pesquisadores da Fundação e sim por médicos neurologistas da rede assistencial de saúde. Leia a nota completa.

Ministério da Saúde esclarece boatos em perguntas e respostas:

Os casos de microcefalia estão relacionados ao uso de vacinas vencidas?

MITO: O aumento de casos de microcefalia no país está associado ao vírus zika, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Não há registro na literatura médica nacional e internacional sobre  a associação do uso de  vacinas  com a microcefalia. Todas as vacinas ofertadas pelo Programa Nacional de Imuização (PNI) são seguras. O PNI é responsável pelo repasse, aos estados, dos imunobiológicos que fazem parte dos calendários de vacinação. Uma das ferramentas essenciais para o sucesso dos programas de imunização é a avaliação da qualidade dos imunobiológicos. O controle de qualidade das vacinas é realizado pelo laboratório produtor obedecendo a critérios padronizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Após aprovação em testes de controle do laboratório produtor, cada lote de vacina é submetido à análise no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) do Ministério da Saúde. Desde 1983, os lotes por amostragem de imunobiológicos adquiridos pelos programas oficiais de imunização vêm sendo analisados, garantindo sua segurança, potência e estabilidade, antes de serem utilizados na população.

Confira vídeo do diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch, sobre o uso de vacinas na gestação:

O aumento do número de casos de microcefalia está relacionado ao uso de mosquitos com bactéria como estratégia para exterminar o Aedes?

MITO: Não é verdadeira a informação de relação entre a incidência do vírus zika com os mosquitos portadores da bactéria Wolbachia. Desde 2014, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Ministério da Saúde, desenvolve o projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil que propõe o uso de uma bactéria naturalmente encontrada no meio ambiente, inclusive no pernilongo, chamada Wolbachia. Quando presente no Aedes Aegypti, a bactéria é capaz de impedir a transmissão da dengue pelo mosquito. A iniciativa, sem fins lucrativos, é uma abordagem inovadora para reduzir a transmissão do vírus da dengue pelo mosquito de forma natural e autossustentável. A pesquisa é inédita no Brasil e na América Latina. O estudo já foi realizado, com sucesso, na Austrália, Vietnã e Indonésia – onde não existem relatos de aumento dos casos de microcefalia.

O vírus zika também pode causar Guillain-Barré? 

VERDADE: A síndrome de Guillain-Barré é uma reação, muito rara, a agentes infecciosos, como vírus e bactérias, e tem como sintomas a fraqueza muscular e a paralisia dos músculos. Vários vírus, assim como o zika, podem provocar a síndrome de Guillain-barré, que é uma doença rara. Assim como todas as possíveis consequências do zika, a ocorrência da Guillain-Barré relacionada ao vírus continua sendo investigada. Os sintomas começam pelas pernas, podendo, em seguida, irradiar para o tronco, braços e face. A síndrome pode apresentar diferentes graus de agressividade, provocando  leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia dos membros. O principal risco provocado por esta síndrome é quando ocorre o acometimento dos músculos respiratórios, devido a dificuldade para respirar. Nesse último caso, a síndrome pode levar à morte, caso não sejam adotadas as medidas de suporte respiratório.

Confira vídeo do diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch, sobre a síndrome Guillain-Barré:

O Ministério da Saúde mudou o parâmetro para identificar a microcefalia para esconder o número de casos? 

MITO: Todos os casos de crianças com microcefalia relacionada ao vírus zika serão investigados. A mudança para o parâmetro do perímetro cefálico igual ou menor de 32 centímetros segue recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e é apoiada pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e tem suporte da equipe do Sistema Nacional de Informação sobre Agentes Teratogênicos (SIAT). Cabe esclarecer que o Ministério da Saúde adotou a medida de 33 cm inicialmente, que é totalmente normal para crianças que nascem após 37 semanas gestacionais, com o objetivo de compreender melhor a situação do aumento de casos de microcefalia. A partir da primeira triagem desses casos suspeitos, muitos dos diagnósticos realizados precocemente e preventivamente já foram descartados. Portanto, a nova medida visa a evitar que bebês sem a malformação sejam submetidos a uma série de exames desnecessários.

Confira vídeo do diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch, sobre a mudança no perímetro cefálico:

Fonte: Ministério da Saúde, Fiocruz e BBC Brasil.

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