Descrição da imagem: Ilustração de Batman dando um tapa no rosto de Robin. Balão de conversa. Robin: tenho que mostrar que sou um exemplo para as pessoas mostrando sempre como sou feliz e…” Batman: “As pessoas com deficiência não devem prestar conta de suas vidas para ninguém!” #Écapacitismoquando
Por Anahi Guedes de Mello
Capacitismo é a discriminação ou violências praticadas contra as pessoas com deficiência. É a atitude preconceituosa que hierarquiza as pessoas em função da adequação de seus corpos a um ideal de beleza e capacidade funcional. Com base no capacitismo, discriminam-se pessoas com deficiência. Trata-se de uma categoria que define a forma como pessoas com deficiência são tratadas como incapazes (incapazes de trabalhar, de frequentar uma escola de ensino regular, de cursar uma universidade, de amar, de sentir desejo, de ter relações sexuais etc.), aproximando as demandas dos movimentos de pessoas com deficiência a outras discriminações sociais como o sexismo, o racismo e a homofobia.
O que se chama de concepção capacitista está intimamente ligada à corponormatividade que considera determinados corpos como inferiores, incompletos ou passíveis de reparação/reabilitação quando situados em relação aos padrões corporais/funcionais hegemônicos. Atitudes capacitistas contra pessoas com deficiência refletem a falta de conscientização sobre a importância da inclusão e da acessibilidade para as pessoas com deficiência.
A campanha “É capacitismo quando…”
Em 03 de dezembro é comemorado o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência no mundo. Nesse sentido, as pessoas com deficiência do Brasil resolveram se organizar e discutir sobre a invisibilidade e seu impacto em seu dia-a-dia. Convidamos vocês a chamarem seus amigos e amigas para se juntar à campanha: escreva um texto, faça um vídeo, compartilhe a hashtag #ÉCapacitismoQuando e conte-nos sobre suas experiências. Alguns exemplos ds posts com a hastag da campanha:
#ÉCapacitismoQuando percebemos que o termo se refere à naturalização e hierarquização das capacidades corporais humanas. Ouvir, enxergar, falar, pensar e andar, por exemplo, são consideradas coisas naturais que não exigem uma série de aprendizados individuais e condições sociais ao longo da vida. Dessa forma, quando uma pessoa não enxerga com os olhos ela é considerada naturalmente deficiente e passa a ser percebida como um todo ‘incapaz’. O capacitismo é essa forma hierarquizada e naturalizada de conceber o corpo humano como algo que deva funcionar e agir sobre regras muito bem definidas biologicamente. O capacitismo impede a consideração de que é possível andar sem ter pernas, ouvir com os lábios, enxergar com os ouvidos e pensar com cada centímetro de pele que possuímos. (Marco Antonio Gavério)
#Écapacitismoquando a pessoa tenta minimizar o fato de eu ter deficiência dizendo “mas todo mundo tem uma deficiência, né?”. Não. Deficiência é uma condição específica para além da lesão do corpo, que se dá no enfrentamento das barreiras social e historicamente construídas. (Karla Garcia Luiz)
#Écapacitismoquando você quer xingar alguém ou algo e chama ela de autista. (Amanda Paschoal)
#Écapacitismoquando você exclui a pessoa com síndrome de down da participação em todos os espaços da vida cotidiana, mesmo dentro dos movimentos sociais da deficiência, simplesmente porque você acha que ela não tem autonomia para fazer escolhas por possuir uma deficiência pior (sic) que a sua. (Anahi Guedes de Mello)
Para saber mais sobre capacitismo, sugiro dois textos:
√ “Capacitismo: o que é, onde vive, como se reproduz?”, de Sidney Andrade, é um texto mais acessível a um público leigo, disponível em:
√ “Deficiência, incapacidade e vulnerabilidade: do capacitismo ou a preeminência capacitista e biomédica do Comitê de Ética em Pesquisa da UFSC”, de Anahi Guedes de Mello, publicado no Ciênc. saúde coletiva [online]. 2016, vol.21, n.10, pp.3265-3276. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v21n10/1413-8123-csc-21-10-3265.pdf>. Esse é um texto acadêmico, para quem tiver interesse em aprofundar melhor no tema e ir um pouco além.
Anahi Guedes de Mello é antropóloga, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis/SC. Pesquisadora vinculada ao Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS) e ao Núcleo de Estudos sobre Deficiência (NED), ambos na mesma universidade. Desenvolve pesquisas nos campos dos Estudos sobre Deficiência (Disability Studies) e Estudos Feministas. Atua nos movimentos sociais de pessoas com deficiência e LGBT, respectivamente desde 1998 e 2008. Foi fundadora e presidenta do Centro de Vida Independente de Florianópolis (CVI-Floripa) entre os anos 2004 a 2008.
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