Por Ana Rute Ramires
em O Povo
Apesar de ser instituída como uma política nacional, a educação inclusiva precisa de incentivos financeiros, metodológicos e curriculares para ser inserida de forma efetiva nas escolas do Brasil. De acordo com os especialistas da área, é preciso uma maior valorização da diferença como elemento central e deixar de lado a compartimentação dos conhecimentos pedagógicos para que os avanços sejam conquistados. A ausência de incentivos financeiros também se apresenta como um entrave para a instituição de uma educação efetivamente inclusiva.
O assunto foi tema do Colóquio Internacional Sesc-UFC sobre Inclusão Social e Diversidade na Educação, realizado ontem e hoje na Colônia Ecológica Sesc Iparana, em Caucaia (Região Metropolitana de Fortaleza). O encontro é promovido pelo Serviço Social do Comércio (Sesc-CE) em parceria com o Observatório de Políticas Públicas (OPP) da Universidade Federal do Ceará e Universidade Paris Descartes –Sorbonne, e reúne os principais pesquisadores da temática na área da educação de diversos países.
Segundo Jean-Robert Poulin, pesquisador de deficiência intelectual e inclusão escolar da Universidade de Montreal (Canadá), é preciso parar de categorizar os alunos. “Deixar de fazer uma formação de professores que se apoie sobre a dimensão normativa, na qual na sala de aula há o aluno ruim, o bom, o gentil, o não gentil. Trabalhamos categorias que são fonte de exclusão social”, explica. Ele ressalta ainda a importância do trabalho cooperativo entre os professores e de estágios na área.
Fernando Pires, professor de economia da UFC e coordenador do OPP, aborda a questão econômica. E defende investimentos relevantes na formação dos educadores.
“Os grandes especialistas da área da educação mostram que a formação do professor é fundamental. E isso passa também por dar condições de trabalho a esse professor, qualidade de vida. Outros países dão muita importância a isso. O apoio em termos logísticos e de estrutura. A escola integral é algo muito interessante nesse sentido”, afirma.
“A questão econômica é norteadora. A inclusão começa pela condição financeira”, acrescenta, criticando o congelamento de gastos para a educação do Governo Federal.