Guias da Fiocruz trazem dicas práticas para comunicação acessível

dois guias de acessibilidade na comunicação.

Descrição da imagem: dois guias de acessibilidade na comunicação.

A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) lançou dois guias de comunicação acessível para melhorar a atenção à saúde às pessoas com deficiência e para todos os brasileiros. Um dos guias é em cordel.

Os guias têm versão digital, com áudiodescrição, linguagem simples, tradução em libras e arquivo em PDF acessível (acesse nos links mais abaixo).

As publicações forma criadas em linguagem simples e trazem orientações práticas e objetivas, mas fundamentais para que o SUS – Sistema Único de Saúde – seja de fato “de” e “para” todas as pessoas. Trazem também informações sobre o uso correto de palavras para se referir às pessoas com deficiência.

Os guias

Os guias cabem no bolso e não demandam mais de dois minutos para acessar orientações voltadas à eliminação de barreiras à participação das pessoas com deficiência em reuniões virtuais ou presenciais, em documentos escritos digitais, na apresentação de slides ou ainda em grupos de mensagem, além de prover o letramento sobre terminologia não capacitista.

Segundo a coordenadora da pesquisa, Lais Costa, há relatos na literatura científica da utilização do cordel como uma ferramenta para letramento em saúde por parte da população. O guia em cordel, desenvolvido pelo cordelista Edson Oliveira, com xilogravuras do Nonato Araújo, já se encontra na sua segunda tiragem e tem se disseminado em público que tradicionalmente não costuma atentar para as questões relativas à exclusão da pessoa com deficiência – dado o capacitismo ser um preconceito estrutural naturalizado em nossa sociedade, explicou a pesquisadora.

O material foi produzido colaborativamente, a partir de encontros com pessoas com e sem deficiência, e coordenado por Laís Costa, pesquisadora da Ensp, junto com o pesquisador do IdeiaSUS Annibal Amorim, além da doutoranda Sonia Gertner, e das bolsistas Carolina Aguilar da Costa e Bianca Soares Ramos.

Os coordenadores locais do projeto são Alisson Azevedo, da UFG, Anna Feminella, da Enap, e agora Secretária Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Cinthya Freitas, da Uerj e Luciana Lindenmeyer, da Fiocruz Ceará.

Por ser em linguagem simples, não somente é acessível a pessoas com deficiência intelectual mais severa, como tende a beneficiar aproximadamente 90% da população brasileira, dada a precariedade do sistema público educacional nacional. É um produto desenhado para favorecer a democratização da informação.

Os dois guias foram desenvolvidos com o apoio do Programa de Políticas Públicas, Modelos de Atenção e Gestão do Sistema e Serviços de Saúde (PMA) da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz).

O projeto foi contemplado por edital – lançado em 2020 – em reconhecimento às condições desiguais de acesso a recursos para a pesquisa para grupos e temas cuja histórica invisibilização tem perenizado uma estrutura social excludente e materializado o acesso desigual ao SUS.

Segundo Laís, os guias foram desenvolvidos a muitas mãos e instituições, de autoria compartilhada, o que favorece a apropriação de seu conteúdo. Assim, inovam não somente no formato, como na forma em que foram produzidos e serão distribuídos, a partir de uma série de parcerias que têm otimizado recursos públicos diversos.

moça negra com síndrome de Down, com fone de ouvido, usando laptop.

Descrição da imagem: capa do guia de acessibilidade na comunicação. Ilustração de moça negra, com síndrome de Down, usando fones e acessando um laptop. Texto: Guia de Acessibilidade na Comunicação. Acessibilidade na comunicação para a atenção integral à saúde das pessoas com deficiência.

Guia de Acessibilidade na Comunicação – ACESSIBILIDADE NA COMUNICAÇÃO PARA ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS

PDF:

https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/53473

Este Guia de acessibilidade na Comunicação oferece orientações sobre acessibilidade comunicacional, garantida pela Lei Brasileira de Inclusão (lei 13.146/2015), visando a inclusão das pessoas com deficiência. Particularmente eventos e produções bibliográficas promovidos, elaborados ou financiados pelo setor público ficam obrigados a respeitar as condições de acessibilidade. Este Guia encontra-se acessível na Língua Brasileira de Sinais e contem audiodescrição de todas as imagens. Há também previsão de publicação de versão em braile.

capa do guia de acessibilidade na comunicação. desenho em cordel do prédio da Fiocruz, parecido com um castelo.

Descrição da imagem: capa do guia de acessibilidade na comunicação em cordel. Ilustração em estilo cordel do prédio da Fiocruz, em formato de castelo. Texto: Guia de Acessibilidade na Comunicação. Acessibilidade na comunicação para a atenção integral à saúde das pessoas com deficiência.

Guia de Acessibilidade na Comunicação em Cordel – ACESSIBILIDADE NA COMUNICAÇÃO PARA ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS

PDF:

https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/53474

Este Guia de acessibilidade na Comunicação, apresentado na forma de literatura de cordel, oferece orientações sobre acessibilidade comunicacional, garantida pela Lei Brasileira de Inclusão (lei 13.146/2015), visando a inclusão das pessoas com deficiência. Particularmente eventos e produções bibliográficas promovidos, elaborados ou financiados pelo setor público ficam obrigados a respeitar as condições de acessibilidade. Este Guia encontra-se acessível na Língua Brasileira de Sinais e contem audiodescrição de todas as imagens. Publicado também em versão impressa e bem braile

Fonte: https://portal.fiocruz.br/noticia/fiocruz-lanca-guias-que-estimulam-comunicacao-acessivel

 

Além dos guias, também foram produzidos cartazes com algumas das recomendações sobre acessibilidade comunicacional.

Cartazes

 

uso das palavras

Descrição da imagem: mulher negra em cadeira de rodas e homem branco, ajoelhado a seu lado, com o rosto próximo ao seu. Texto: USO DAS PALAVRAS. COMO CHAMAR A PESSOA COM DEFICIÊNCIA.

CERTO

Usar “pessoa” antes da deficiência ou outra característica.

Exemplos: “pessoa cega”, “pessoa surda”, “pessoa com síndrome de Down”, “pessoa cadeirante”.

ERRADO

Usar “deficiente”, “portador de (deficiência, necessidades especiais…)”, PcD.

Usar palavras ofensivas e preconceituosas: “inválido”, “excepcional”, “retardado”, “doente”, “anjo”, “especial”, “surdo-mudo”.

CERTO

Usar as palavras “questão” ou “condição”.

ERRADO

Usar as palavras “doença”ou “problema”.

CERTO

Usar as palavras “condição genética” ou “arranjo genético”.

ERRADO

Usar as palavras “aberração”, “anomalia” ou “erro genético”.

CERTO

Falar “pessoa sem deficiência”.

ERRADO

Falar “pessoa normal”.

 

cartaz congressos acessiveis

Descrição da imagem: Ilustração de outdoor com iluminação dizendo: OS CONGRESSOS, OS SEMINÁRIOS, AS OFICINAS E OS DEMAIS EVENTOS DE NATUREZA CIENTÍFICO-CULTURAL PROMOVIDOS OU FINANCIADOS PELO PODER PÚBLICO DEVEM GARANTIR AS CONDIÇÕES DE ACESSIBILIDADE E OS RECURSOS DE TECNOLOGIA ASSISTIVA. Art. 71, Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Lei 13.146, 6 de julho de 2015.

Texto: ACESSO À INFORMAÇÃO: DIREITO DE TODOS. O que fazer para garantir?

A garantia de direitos, liberdades fundamentais e cidadania para as pessoas com deficiência no Brasil têm como base:

  • A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, com força de Constituição
  • Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Lei 13.146, entre outras.

 

cartaz barreiras na comunicacao

Descrição da imagem: Moça branca segurando o próprio braço, e mulher negra, de branco com estetoscópio em volta do pescoço, com o braço por trás dela. Texto: ACESSO À INFORMAÇÃO: DIREITO DE TODOS. BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO IMPEDEM PESSOAS COM E SEM DEFICIÊNCIA DE:

  • Falar sobre sua condição de saúde
  • Subsidiar e receber um diagnóstico preciso
  • Participar de decisões sobre sua saúde
  • Acessar o seu direito universal à saúde.

 

cartaz apresentacoes

Descrição da imagem: Ilustração: homem com síndrome de Down branco digitando no teclado de um computador, uma mulher negra com crachá a seu lado aponta algo na tela.  Texto: ACESSO À INFORMAÇÃO: DIREITO DE TODOS. O que fazer para garantir?

DOCUMENTOS E APRESENTAÇÕES VIRTUAIS.

Documentos e apresentações são mais acessíveis quando usam linguagem simples, fonte ampliada, bom contraste, além de recursos adicionais (Braille, Libras, áudio, entre outros).

ALÉM DISSO, AO PREPARAR O DOCUMENTO É IMPORTANTE CONSIDERAR:

  • Usar recursos de níveis de títulos do processador de texto
  • Descrever as imagens e tabelas ao longo do documento
  • Usar links que descrevam o conteúdo
  • Usar recursos acessíveis para leitores de tela
  • Não usar arquivos onde o texto foi digitalizado e apresentado como imagem.

 

cartaz encontros presenciais

Descrição da imagem: Ilustração: Mulher branca em cadeira de rodas motorizada, mulher negra sentada em cadeira a seu lado, homem branco fazendo interpretação em Libras a seu lado. Texto: ACESSO À INFORMAÇÃO: DIREITO DE TODOS. O que fazer para garantir?

ENCONTROS PRESENCIAIS

Antes do evento:

  • Perguntar sobre a necessidade de recurso de acessibilidade na inscrição
  • Viabilizar recursos de acessibilidade necessários
  • Escolher um local sem barreiras arquitetônicas
  • Reservar lugares de acordo com a necessidade

Durante o evento:

  • Sinalizar os serviços de acessibilidade disponíveis
  • Iniciar a fala com uma breve audiodescrição
  • Iniciar as falas sem uso de microfone para que pessoas com deficiência visual possam identificar o falante
  • Descrever todas as imagens apresentadas.

 

cartaz reunioes virtuais

Descrição da imagem: Ilustração: mulher negra diante de tela de computador com 3 janelas de reunião online, segurando mouse. Texto: ACESSO À INFORMAÇÃO: DIREITO DE TODOS. O que fazer para garantir?

REUNIÕES VIRTUAIS

Antes da reunião:

  • Perguntar se precisa de recurso de acessibilidade
  • Informar como funciona a plataforma
  • Garantir a acessibilidade do material apresentado na reunião
  • Compartilhar o material antes do evento.

Durante a reunião:

  • Fazer a audiodescrição e dizer o nome antes de cada nova fala
  • Usar frases curtas e palavras fáceis (linguagem simples)
  • Falar devagar e fazer pausas para facilitar a interpretação
  • Usar recursos de audiodescrição, intérprete de Libras, legenda, transcrição
  • Ler as mensagens do chat antes de responder.

 

cartaz grupos de mensagem

Descrição da imagem: ilustração: mulher negra e homem branco usando celular.

Texto: ACESSO À INFORMAÇÃO: DIREITO DE TODOS. O que fazer para garantir?

GRUPOS DE MENSAGEM

  • Usar letras simples (sem serifas)
  • Descrever todas as imagens usando #descriçãodaimagem
  • Usar imagens que são descritas pelos leitores de tela como emojis (NÃO usar figurinhas)
  • Compartilhar documentos em formatos acessíveis, como vídeos com legenda, transcrições e intérpretes de Libras
  • Usar linguagem simples, com frases curtas e palavras fáceis.

 

Crédito das ilustrações; Janna Brilyantova

Apoio financeiro do “Programa de Fomento ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico Aplicado à Saúde Pública”, da ENSP/Fiocruz.

Logotipos dos cartazes: Acolhe – acessibilidade, direitos e saúde, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca ENSP, PMA Disseminando Ciência em Saúde Pública, Ministério da Saúde, Fiocruz, Fundação Oswaldo Cruz.

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