Fernado Gaburri: Fadiga de Acesso. Mais uma barreira para as pessoas com deficiência

Patricia Almeida

Falando no primeiro dia do 4º Congresso Nacional de Inclusão na Educação Superior e Educação Profissional Tecnológica, Fernando Gaburri, Promotor de Justiça do Ministério Público da Bahia provocou novas reflexões com conceitos ainda pouco difundidos na comunidade de pessoas com deficiência.

Em sua apresentação, o promotor citou a fadiga de acesso, um conceito cunhado por Annika Konrad, ativista pelos direitos das pessoas com deficiência, escritora, professora e pesquisadora, do Institute for Writing and Rhetoric do Dartmouth College em Hanover, New Hampshire, EUA.

Em seu artigo Fadiga de acesso: o trabalho retórico da deficiência na vida cotidiana, Konrad define a experiência como o esgotamento físico e mental decorrente do trabalho de buscar acesso.

Gaburri compartilhou o seguinte slide:

“A fadiga de acesso consiste na exaustão decorrente da necessidade diária de se fazer com que as demais pessoas participem da acessibilidade, o que por vezes torna-se algo tão penoso e implacável a ponto de, em determinadas situações, o esforço por acesso não valer a pena. A necessidade de ajudar a convencer os outros a participar do acesso pode ser uma prática árdua e diária que pode acumular-se ao longo do tempo, a ponto de levar à ponderação sobre o custo benefício do esforço e levar à desistência do acesso em determinadas situações.” Fernando Gaburri

Parece familiar?

Espere então para escutar mais essa. Já ouviu falar em “intimidade forçada”? Gaburri explicou:

“Situação cotidiana de pessoas com deficiência que precisam de compartilhar aspectos pessoais para sobreviver em um mundo capacitista, como informações confidenciais com pessoas para o exercício de direitos básicos; e a intimidade forçada, especialmente para aqueles que precisam de ajuda que pode acarretar em contato corporal”.

Esta definição é de Mia Mingus, escritora, educadora e defensora dos direitos das pessoas com deficiência. Ela é adotada transracial e transnacional coreana com deficiência física e queer, criada no Caribe.

A exaustão e o constrangimento que você estava sentindo agora têm nome. E são formas de capacitismo.

E como combatemos o capacitismo como ato de discriminação?

Desta vez Fernando Gaburri citou um dos meus artigos favoritos da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o Artigo 8, sobre Conscientização.

“Artigo 8

Conscientização 

1. Os Estados Partes se comprometem a adotar medidas imediatas, efetivas e apropriadas para:

a) Conscientizar toda a sociedade, inclusive as famílias, sobre as condições das pessoas com deficiência e fomentar o respeito pelos direitos e pela dignidade das pessoas com deficiência;

b) Combater estereótipos, preconceitos e práticas nocivas em relação a pessoas com deficiência, inclusive aqueles relacionados a sexo e idade, em todas as áreas da vida;

c) Promover a conscientização sobre as capacidades e contribuições das pessoas com deficiência.”

Tá na hora de cobrarmos do Estado e toda sociedade medidas efetivas para acabar com o capacitsmo, uma barreira diária que provoca exaustão,constrangimento e discriminação.

tela com slide com título capacitismo como ato de discriminação, mesa com dois homens sentados.

3 Comments

  1. Olha eu como pessoa com deficiência vivo isso todos os dias expor e alta afirmar em todos os lugares. A abordagem deixada pelo professor e promotor Fernando Gaburri demonstrou como o nosso universo do direito está mais longe da inclusão do que tudo.
    Temos ainda discussões no campo acadêmico que Beirão a ser engraçado, a pessoa com deficiência há tempos não é mais incapaz, mas a sociedade d algumas literaturas ainda dizem que somos.

  2. Posso o seguinte praticamento todas as colocações do Gaburri são pertinentes No entanto todos os segmentos passam por isto seja em relação em reivindicações próprias ou na luta pelo exercício estabelecidos. Com a pessoa as com limitações. fisicas ou intelectuais não é diferente. Devemos entender que sempre encontraremos barreiras que sempre estimularam nossas lutas para superar e q sociedade entender

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *