Muniz Sodré acredita que está se gerando uma nova ecologia simbólica, com consequências para a vida social ”
Conhecido pela máxima de que “antes da midiatização da sociedade só Deus tinha o poder imediato, global e instantâneo”, o jornalista Muniz Sodré define o fenômeno da seguinte maneira: “Midiatização (…) é a articulação do funcionamento das instituições sociais com a mídia”. Para ele, trata-se de algo realmente novo, “fruto das transformações nos modos de urbanização e no advento das tecnologias da informação e da comunicação, vetorizadas pelo mercado capitalista”. Na entrevista que segue, concedida por e-mail para a IHU On-Line, Sodré defende que a expressão “sociedade da informação” é “menos do que um conceito e mais um slogan dos arautos (empresas, deslumbrados etc.) da euforia tecnológica”. Ele considera que a principal consequência social da “telerrealização das relações humanas” é a “redefinição dos modos de constituição da comunidade humana”. E acrescenta que “a corporeidade tende a ser neutralizada pelos dispositivos tecnológicos”, o que, na sua opinião, não é nenhuma catástrofe, “tão só um novo modo de instalação do corpo humano na rede social, agora tecnologizada”.
Muniz Sodré de Araújo Cabral é jornalista, sociólogo e tradutor brasileiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Escola de Comunicação. Possui graduação em Direito, pela Universidade Federal da Bahia, mestrado em Sociologia da Informação e Comunicação, pela Université de Paris IV (Paris-Sorbonne), e doutorado em Letras (Ciência da Literatura), pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde obteve também o título de Livre-Docente em Comunicação. Atualmente, é também presidente da Fundação Biblioteca Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Cultura. Possui cerca de 30 livros publicados nas áreas de Comunicação e Cultura, dentre os quais citamos Sociedade, mídia e violência (Porto Alegre: Sulina, 2004) e As estratégias sensíveis – afeto, mídia e política (Petrópolis: Vozes, 2006).