Ao contrário do que pode parecer, a inclusão não é meramente o oposto da exclusão. A inclusão é a oportunidade de “estar com”, ao invés da permanência do “ficar sem”. É um passo adiante na afirmação dos direitos civis, não um passo atrás nos espaços públicos que a sociedade fecha aos diferentes, aos que não se alinham num protótipo do humano. A inclusão é o resultado da conquista dos que lutam e fazem por, não um somatório de favores, de concessões dos que, impávidos, olham para estes. É um somatório do esforço de pessoas e instituições que percebem que a injustiça pode ser combatida com uma nova visão de justiça, com uma perspectiva de uma sociedade plural em realidade, e não mais apenas como em ficção, mesmo permancendo enquanto utopia em vista da dificuldade que há no mundo contemporâneo em engendrar valores comuns de uma democracia que valha esta nome.
A Inclusive – Agência para Promoção da Inclusão foi criada nessa perspectiva. Não por acaso, em pleno processo de aprovação e ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, no início de 2008. A Inclusive surgiu a partir da necessidade de levar a público informações sobre as lutas e conquistas das pessoas com deficiência que já há muito tempo querem disputar seu espaço em condições de igualdade com todas as pessoas, em todos os aspectos de suas vidas, inclusive no que tange ao registro e comunicação de sua própria história. Nesse caminho, foi muito natural que outros segmentos e questões passassem a ser considerados no conjunto e na abordagem temática da agência, principalmente no foco da educação em direitos humanos, por seu caráter abrangente. Isto, desde que o foco inclusivo estivesse presente como demanda, disputa ou realidade.
Foi dessa forma que a Inclusive atravessou 2008 trabalhando através da colaboração e da amizade. Todas as coberturas, desde a II Conferência Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, passando pelo Fórum Social Mundial de Belém e o Dia Internacional da Síndorme de Down, foram realizadas com base no voluntariado, o que aproximou a proposta ao citizen journalism (jornalismo cidadão), onde os protagonistas da história e de seus movimentos adquirem uma narrativa própria. Própria e autônoma, antes de qualquer coisa. A Inclusive chega agora ao seu primeiro aniversário diversificando fontes, agregando colaboradores e procurando manter, sobretudo, a crença de que uma sociedade inclusiva não é apenas ainda desejável, mas cada vez mais premente e necessária e, através da colaboração de todos, possível.