A auto exclusão dos umbélicos

Descrição da imagem: globo formado por teclado de computador.Fabio Adiron

http://xiitadainclusao.blogspot.com/2009/07/auto-exclusao-dos-umbelicos.html

Os umbélicos são seres muito parecidos com os seres humanos, exceto por uma diferença anatômica, os umbélicos não tem umbigo. E isso provoca uma diferença incontornável na forma como se relacionam na sociedade.

O umbelismo pode ser congênito, adquirido por doença ou po acidente. Uma vez umbélico, umbélico para sempre. Houve um tempo em que os umbélicos eram objeto de escárnio, talvez por isso é que eles tenham se isolado cada vez mais do resto do mundo.

semumbigo
Descrição da imagem : foto de uma modelo feminina que por excesso de preciosismo do diretor de arte apareceu na foto sem umbigo.

No começo se recolhiam individualmente e se escondiam. Depois começaram a descobrir que não eram os únicos e passaram a se associar uns aos outros. Mas nunca mais quiseram se misturar com os humanos, que eles consideram como seres inimigos.

Primeiro surgiram as colônias de umbélicos adultos. Depois, como continuassem a surgir novos umbélicos eles passaram a se preocupar com os infantes e jovens. Criaram escolas exclusivas para eles e clubes onde o acesso só era permitido para quem deixasse à mostra sua desumbiguação.

Com o objetivo de isolarem ainda mais criaram sua própria língua, o bigolês, uma corruptela da língua corrente à qual só eles tinham acesso. Tendo uma língua e só convivendo entre eles começaram a defender a existência de uma identidade particular e a defender essa identidade com unhas e dentes.

O umbelismo então passou a considerar também como inimigos os umbélicos que se aproximavam dos seres humanos. Umbélicos que usavam próteses, chamadas de implantes umbilicais, foram considerados como falsos umbélicos, traidores da identidade e da cultura segregada. Também são considerados traidores os umbélicos que se recusam a aprender ou usar o bigolês como única língua possível.

O maior problema desses seres é que, apesar de não se considerarem humanos, eles vivem nos mesmos lugares que o resto da população e, com isso, tiveram de adotar estratégias de sobrevivência. A primeira deles foi conceder a alguns poucos privilegiados a possibilidade de aprender bigolês.

Em pouco tempo isso passou a ser uma fonte de lucros para esses privilegiados que começaram a vender dicionários de bigolês, serviços de translação linguística e produtos especiais para umbélicos. Claro que isso diminui muito a autonomia dos umbélicos que dependem dos transladores para o seu dia-a-dia, mas a defesa da identidade sempre foi colocada acima de qualquer outro benefício social.

Os humanos têm tentado continuamente incluir os umbélicos na sua sociedade, mas têm enfrentado uma forte resistência, especialmente por parte dos líderes do grupo que temem perder sua influência e poder caso os seus pares se misturem com o resto da humanidade.

Os humanos mais radicais acham que, se os umbélicos preferem a segregação, que a tenham. Os umbélicos mais radicais agora lutam para criar um país independente, a Umbelândia.

É provável que a única solução para esse impasse seja alguma descoberta científica que evite o nascimento de mais desumbigados.

Até lá a tensão continuará.

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