Eduardo Purper
Na ultima quarta feira, dia 14 de abril, fomos convidados, eu (PC), Hélio (deficiente visual), Cacau ( deficiente auditivo) , para irmos à Vacaria. Ao II curso de formação de gestores e educadores da região, promovido pela secretaria de educação daquele município.
Durante o trajeto houve uma troca de experiências tão intensa que nos deixou curiosos com o que poderia acontecer à tarde no evento.
Chegando ao município, tivemos uma recepção calorosa dos organizadores do seminário. Isto é típico das cidades do interior.
Fomos levados ao almoço no qual a troca de experiências referida acima seguiu e a cada um de nós foi designado um acompanhante com a finalidade de nos auxiliar antes, durante e após o relato de nossas experiências ao público presente, em sua maioria mulheres, para deleite do Hélio.
O que temos a lamentar é que durante o evento houve, para relaxamento dos participantes, uma apresentação da dança do ventre e como eu e o Cacau estávamos em outro local nos preparando, só quem assistiu foi o sortudo do Hélio, para variar.
Chegando a hora da nossa participação, Cacau foi o primeiro a “ subir ao palco”. O dançarino foi relatando uma a uma suas experiências de vida. O que mais me chamou a atenção foi quando ele disse que só aprendera língua de sinais aos 24 anos de idade e foi através da LIBRAS que ele se sentiu realmente incluído . O momento mais interessante e descontraído de sua palestra foi quando da comparação entre os estilos de dança de uma mulher, um homem e um homossexual. Fazendo alusão, no seu entendimento, ao preconceito que sofre o dançarino heterossexual considerado pela maioria das pessoas como gay.
A próxima apresentação foi a do Hélio. Ela se dividiu em dois segmentos. No primeiro ele contou como era sua vida antes de adquirir sua deficiência. Para Hélio, a vida dele passou a existir depois de sua cegueira, é sua a frase: “Eu estava cego quando enxergava, hoje, sem a visão, enxergo a vida melhor”. Antes, festas, pouco interesse pelo estudo, bebedeira, etc. Hoje, sou pai, tenho profissão, sou massoterapeuta e judoca de competição.
A parte da conferência que mais chamou minha atenção foi quando Hélio resolveu fazer uma dinâmica de grupo e perguntou o seguinte: – “quem nunca teve contato com uma pessoa deficiente?” Eis que , do fundo da platéia surge uma ouvinte que diz, aos prantos : “Eu achava que os deficientes eram incapazes de fazer muitas coisas, hoje vendo vocês aqui, mudei meu conceito”, e nos abraçou.
O encerramento desta parte do evento ficou por minha conta em que fiz um relato da minha experiência escolar, em escola regular, e acadêmica e mostrei alguns vídeos de entrevistas concedidas a imprensa em geral.
Como relato final falei às professora que o importante é a vontade de ensinar.
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Sobre o autor:
Eduardo Purper é jornalista e colaborador da Inclusive.
É um dos responsáveis pelo site A Palavra É Sua.
Parabéns pelo trabalho.
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