Cúpula sobre deficiência em Berlim alerta para falta de investimento em programas de inclusão

duas pessoas em cadeira de rodas, duas conversando com mulher e fotografa

Cerca de 4000 pessoas de 100 países, muitas delas com deficiência, estão em Berlim para a terceira Cúpula Global sobre Deficiência (GDS), que acontece dias 2 e 3 de abril.

O objetivo é promover a acessibilidade e a inclusão em todo o mundo, mas o corte de investimentos em iniciativas humanitárias em uma área que já carecia de recursos foi o principal assunto do encontro.

A cúpula é co-organizada pelos governos da Alemanha, Jordânia e a Aliança Internacional da Deficiência (IDA). Os governos e organizações participantes apresentam boas práticas em seus países. Uma pré-cúpula regional da América Latina e Caribe foi realizada no Rio de Janeiro em dezembro de 2024.

plenario cheio dois teloes ao fundo

Na abertura da GDS, Nawaf Kabbara, presidente da IDA afirmou que “os orçamentos estão encolhendo, a retórica anti-inclusão está crescendo e, mais uma vez, a vida das pessoas com deficiência corre o risco de deixar de ser prioridade”, referindo-se à guerra do presidente dos EUA Donald Trump contra os chamados programas DEI – diversidade, equidade e inclusão.

Curiosamente, a cúpula acontece em Berlim, onde as pessoas com deficiência foram as primeiras vítimas do nazismo, como lembra o Memorial às pessoas com deficiência submetidas à esterilização compulsória e eutanásia.

Memorial, vidro azul

Na abertura do evento, a Secretária-Geral Adjunta da ONU, Amina J Mohammed afirmou que “quando as pessoas com deficiência podem participar plenamente da sociedade, as sociedades são mais fortes. Quando desbloqueamos o potencial e reconhecemos talentos, as economias e as comunidades prosperam. Quando avançamos nos direitos humanos, toda a humanidade avança”.

Mohammed lembrou que a realidade atual é preocupante, porque o progresso não é apenas lento, como estamos retrocedendo. De acordo com o Relatório da ONU sobre Deficiência e Desenvolvimento, cerca de 98% dos indicadores dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para pessoas com deficiência estão longe de ser alcançados.

“Isso é muito mais do que uma estatística – é um alerta. Pessoas com deficiência estão sendo deixadas para trás. O mundo está falhando com elas. Em Gaza, na Ucrânia, no Sudão e outros lugares, inúmeros civis adquiriram e traumas psicológicos profundos. Crianças com deficiência são especialmente vulneráveis. Gaza sozinha tem o maior número de crianças amputadas da história moderna. Uma ação global é urgente!”

O Rei Abdullah, da Jordânia, também citou os riscos enfrentados pelas pessoas com deficiência em zonas de guerra: “o trabalho pela paz e paz com justiça, continua vital. A situação em Gaza é um exemplo doloroso. As instalações médicas em Gaza foram destruídas” disse ele sob aplausos dos delegados.

O presidente da Alemanha, Olaf Scholz concluiu dizendo: “São suas vozes, suas experiências e suas aspirações que devem guiar nossas deliberações e decisões aqui em Berlim.”

Os desastres climáticos também têm destaque nas discussões. 50% da população global de pessoas com deficiência reside em cidades e a maioria delas não está preparada para a resposta inclusiva a desastres.

reuniao sala pessoas em volta da mesa

A delegação brasileira é chefiada pela Secretária Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Anna Paula Feminella. Entre as boas práticas apresentadas estão o Programa Viver sem Limite, a campanha de combate ao capacitismo da Fiocruz e o projeto Eu Me Protejo de educação inclusiva para prevenção contra a violência.

O CREI – Centro de Referência SESC-SENAC trouxe a experiência de educação inclusiva, com atendimento a famílias de pessoas com deficiência de baixa renda e formação de professores para a inclusão.

seis mulheres sorrindo

As iniciativas do Brasil para adoção da Linguagem Simples como forma de acessibilidade também mereceram destaque. Está previsto um encontro latino-americano sobre Linguagem Simples no Rio de Janeiro ainda este ano.

Fonte: Inclusive News

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