As novas gerações de pessoas com deficiência provavelmente não sabem, mas lá nos idos de 2007 surgiu uma agência de notícias para compartilhar informações de interesse das pessoas com deficiência.
Não é à toa que a primeira publicação da Inclusive, datada de maio de 2008, é a íntegra da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CPCD). Há pouco mais de quinze anos, a sociedade brasileira vivia ainda nos termos do séc. XX, quando a maioria das referências aos direitos da pessoa com deficiência relacionavam-se às questões assistenciais e quase nada se ouvia falar em “inclusão”.
A bem da verdade, a Inclusive nasce durante o processo de aprovação da CPCD no Brasil. Por meio da criação de um blogue para divulgar notícias e uma intensa campanha que o movimento social das pessoas com deficiência deflagrou, na época, em torno da aprovação da CPCD no Congresso Nacional. Com muito orgulho, a Inclusive foi parte ativa e importante deste emocionante e vitorioso processo, conforme relatamos no artigo “Convenção: A Carta de Alforria das pessoas com Deficiência” . Em 2009, a CPCD se encontrava aprovada com status de emenda constitucional e dava-se início a um processo de reformulação de todo o marco legal brasileiro. Dentro de um ainda mais longo processo, deu-se a aprovação da Lei Brasileira de Inclusão (LBI).
Em nove anos de vigência da LBI e dezesseis da CPCD, pode-se dizer que muitos avanços aconteceram. Na área legal, de artigos e textos escassos tratando do assunto, passamos a mais de 15.000 textos, entre livros, teses e artigos. São os dados que obtivemos na pesquisa disponível nas bibliotecas que integram a Rede Virtual de Bibliotecas, composta por Senado Federal, STF, STJ e outras instituições. Isso significa que produziu-se muito conhecimento acerca do assunto no Brasil. Mas será que a realidade vem acompanhando esse desenvolvimento? Será que é um processo pronto e que nosso papel está cumprido?
Em parte sim, há muito pronto. Em parte não, há muito por ser feito. A Inclusive nestes anos procurou estar sempre atenta aos movimentos da sociedade e seus desafios. E por acreditarmos que é necessário sempre qualificar os espaços sociais inclusivos e lutar pela garantia dos direitos fundamentais das pessoas com deficiência, preparamos uma nova casa e cara para essa interação que fazemos já há mais de quinze anos com os nossos leitores e colaboradores.
Certo é que temos uma ampla legislação que segue sem ser implementada. É duro constatar que a Lei da Acessibilidade, 10.098, é do ano 2000, e até hoje nem os prédios públicos são todos acessíveis.
É ótimo saber que quase 90% dos alunos com deficiência frequentam a escola regular, mas triste constatar que as condições para garantir a inclusão educacional de fato desses estudantes seguem longe de ser alcançadas.
A tecnologia avançou trazendo soluções de acessibilidade incríveis, mas muitas vezes limitadas a quem pode pagar por aparelhos de última geração. A conexão via internet integrou muita gente durante a pandemia, mas deixou outros de fora.
Nas redes sociais, surgiram novos influenciadores falando sobre suas deficiências com orgulho e apontando o dedo para o preconceito. Com a ajuda destes novos ativistas, “pegou” o termo capacitismo, difundido no Brasil por iniciativa de Anahí Guedes de Melo na campanha do dia Dia Internacional da Pessoa com Deficiência em 2016, da qual a Inclusive participou.
Mesmo assim, sentimos necessidade de contar com espaços de discussão a respeito tanto dos problemas quanto das soluções encontradas pelas pessoas e sua organizações, sejam públicas ou privadas. Focada no interesse público e na qualificação da qualidade de vida das pessoas com deficiência, a Inclusive News quer dialogar com a sociedade e oferecer seu espaço para a divulgação de boas práticas e para debates honestos, com vista ao desenvolvimento social amplo senso.
Esta é a nossa intenção. Venha conversar conosco e participar da retomada de uma história de 15 anos voltada às pessoas com deficiência, suas necessidades e realizações!
Conheça nossos colaboradores no link abaixo:
Magnífica iniciativa jornalista Patricia, publicar sempre, a disputa de narrativas também é sobretudo, a disputa pelo uso dos fundos públicos e privados, os mercados de produtos, trabalho e renda.
A linguagem simples precisa também, trazer as novas gramáticas das deficiência, autismo inclusive, natural da condição humana, é visível que não cabe mais o capacitismo. Obrigada pro publicar o nosso material sobre a Abordagem Social da Deficiência: o CUIDADO como direito social político, ético e econômico, os Serviços e Benefícios do SUAS.